sexta-feira, 20 de abril de 2012

Conversas com a Boêmia: Uma Observação Participante.




Gênesis Naum de Farias/Poeta Bruxulesco e Professor
Universidade Federal do Vale do São Francisco – UNIVASF.



Um homem que foi, em sua própria descrição um cidadão de outro tempo, disse-me outro dia que vinha de um século de ideias e vivia preso e desenconcontrado por uma natureza conservada nos rigores do pudor, porem me garantiu que precisava sair de certa boêmia galante, onde tudo desregrava-se numa fria busca por sentidos. Por isto assumia, nesta atmosfera dos tristes, uma dimensão simbólica pretensamente subjugada a um sentimento e uma necessidade de subjetividade que em suas paridades tornava-o refratário e intensamente deslocado. Seu relato agonizava como uma cidade morta tentando refletir suas próprias incertezas. Ao assumir o papel epifânico das contradições, adormeceu e se entregou a um reino pessoal de silêncios e comunhão. Queria me dizer mais coisas sobre a vida dourada que levava, mas me contive em perguntas e decidi também me recolher a uma insignificante ternura por acreditar que a todos é dado o sentido que se quer quando a maturidade cobra seu lugar nas existências... Aquela imagem passava suas experiências a limpo tentando dizer que não dormia, mas vivo estava; o problema se distinguia e ao longe, se revelava num crepúsculo de emoções suavizadas em contornos de uma realidade dolorosa, refeita em sabedoria, dona de uma saudade redentora que me transportou às ruínas tristes dos infortúnios, onde morre-se devagar, dia a dia, hora a hora, silencioso e esquecido numa revoada de lampejos, refletindo que o fim retoma o princípio e nos faz renascer em outras épocas.

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