Gênesis Naum de
Farias/Poeta Bruxulesco e Professor
Universidade Federal do
Vale do São Francisco – UNIVASF.
e-mail: genesisnaumfarias@gmail.com
Um homem que foi, em sua própria
descrição um cidadão de outro tempo, disse-me outro dia que vinha de um século
de ideias e vivia preso e desenconcontrado por uma natureza conservada nos
rigores do pudor, porem me garantiu que precisava sair de certa boêmia galante,
onde tudo desregrava-se numa fria busca por sentidos. Por isto assumia, nesta
atmosfera dos tristes, uma dimensão simbólica pretensamente subjugada a um
sentimento e uma necessidade de subjetividade que em suas paridades tornava-o refratário
e intensamente deslocado. Seu relato agonizava como uma cidade morta tentando
refletir suas próprias incertezas. Ao assumir o papel epifânico das contradições,
adormeceu e se entregou a um reino pessoal de silêncios e comunhão. Queria me
dizer mais coisas sobre a vida dourada que levava, mas me contive em perguntas
e decidi também me recolher a uma insignificante ternura por acreditar que a
todos é dado o sentido que se quer quando a maturidade cobra seu lugar nas existências...
Aquela imagem passava suas experiências a limpo tentando dizer que não dormia,
mas vivo estava; o problema se distinguia e ao longe, se revelava num crepúsculo
de emoções suavizadas em contornos de uma realidade dolorosa, refeita em
sabedoria, dona de uma saudade redentora que me transportou às ruínas tristes
dos infortúnios, onde morre-se devagar, dia a dia, hora a hora, silencioso e
esquecido numa revoada de lampejos, refletindo que o fim retoma o princípio e
nos faz renascer em outras épocas.
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