terça-feira, 16 de outubro de 2012

O Professor como Intelectual Transformador


 
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Núcleo de Estudos Foucaultiano © Gênesis Naum de Farias

Poeta Bruxulesco® - Professor da Universidade Estadual

do Piauí – UESPI. São Raimundo Nonato/PI/Brasil.


 

 
“Sou Professor a favor da decência contra o despudor, a favor da liberdade contra o autoritarismo, da autoridade contra a licenciosidade, da democracia contra a ditadura de esquerda ou de direita (...)” 

Paulo Freire, Pedagogia da Autonomia, 1996.


Às vezes, quando penso nas pedras que profetizei encontrar no meu caminho ao longo da difícil carreira do Magistério, faço-me refletir sempre o dia a que é dedicado o Dia do Professor. Nestas reflexões, muitas vezes tenho incomodado o Pensador Paulo Freire lá no seu leito de paz. Porém, o mesmo me faz esperançoso no sujeito do Educador que sou, pois sabendo não ser tempo de otimismo, nem de discursos panfletários, proclamados para oprimir ainda mais os marginalizados pela sanha dos poderosos, administradores da esfera pública, me ponho firme na certeza de que somos agentes de grandes e significativas mudanças, quando o cenário nos faz pensar nos recursos destinados pelas mais variadas instituições ou pelos mais variados órgãos da mesma esfera, que não se ocupam em diminuir as distancias entre os excluídos. Mas isso diz pouco, se não estamos em tempos de otimismo é preciso ser esperançoso no que tange as raízes dos problemas vivenciados pelos Mestres do Saber em suas escolas desaparelhadas, com seus salários atrasados, sendo administrados politicamente por uma máquina administrativa atrelada a uma ideologia egocêntrica, centrada no descaso.  Neste Quinze de Outubro comemora-se o Dia do Professor e, com ele a triste desilusão de sabermos que não temos nada para comemorar devido à relativa e trágica morosidade de nossas estruturas de ensino, quer quando pensamos nas políticas para a Educação, proposto para muitos Municípios deste país da diversidade, quer quando pensamos no volume de recursos destinados a mesma Educação que acabam na vala profunda da corrupção.

A revolução que nos é proposto nestes tempos de Pós-modernidade se fundamenta numa orgânica tentativa de nos fazermos vigilantes, em tentarmos com o labor intelectual minar os estados de consolidação de poder, em prol da unidade e da eterna busca por uma identidade profissional, para que consigamos empreender o sonho do educar como uma proposta a mais diante do amplo embate social em que se encerra o trabalho docente para transmitir de forma crítica o conhecimento a que é proposto como fomento em sua ementa, no empenho para formar uma mentalidade de sociedade que seja capaz de quebrar as antigas estruturas dos paradigmas tradicionais da escola que queremos. Hoje, há certa urgência em transformar as escolas públicas em centros de referência e formação cultural, pelos professores e gestores, para promover seminários, discussões e para integrar a comunidade em torno do projeto político pedagógico da escola. É uma das soluções hoje pensadas para criar forças, produzir resultados e equilibrar a relação de poder existente entre os formadores de opinião, a comunidade, o poder público e suas secretarias.

Desta forma, os Educadores precisarão de uma unidade capaz de fortalecer os laços com os espaços formativos no empenho freqüente de compreensão da própria formação como um mecanismo de luta. De outra forma nunca conseguiremos levar a causa da Educação Pública ao palco da vida das pessoas, para que as mesmas possam julgar o trabalho e a importância do Docente como causa e efeito de uma sociedade justa, forte e moralmente nobre.

Bertolt Brecht dizia que pensar é transformar; por este motivo se faz urgente pensarmos em transformar nossos espaços formativos em espaços de organização do pensamento e do conhecimento, preparando-os para a ampla defesa do capital cultural que emana da própria sociedade, não se permitindo que o mesmo seja imposto pela indústria cultural nem pelos organismos de manipulação tidos como espaços de mediação de saberes coletivos derivados da imprensa midiática. Esta defesa institucional em torno das questões de Educação favorece a um amplo empenho do próprio professor como intelectual na defesa desta por meio do debate político como uma prática discursiva, empreendido pelo próprio Educador quando de suas incertezas frente ao decadente cenário imposto pelas políticas reais de formação.

Só nos resta esperançar e, nesta esperança descobrir uma forma de diálogo com a sociedade para unificarmos os anseios de todos os Profissionais da Educação em torno de um amplo projeto que processe outra imagem ao Pindorama Brasil. É interessante lembrar que vivemos numa era de extremos, em tempos de guerra e de crise moral, onde não há espaço para valores sociais porque o horror ético e as crises morais afetam qualquer um que ostente o pensamento da mudança, mas este é o cenário propício para entoarmos a canção dos excluídos, porque se não o fizermos, veremos novamente revoluções burguesas nos moldes das francesas, inglesas ou americanas que legaram para a humanidade todo o sofrimento do infecto termo quando lutas de classe passaram a disputar espaço no formidável empreendimento da escravização do homem pelo homem, em seus interesses e suas formas de exclusão social, mudando a tônica do termo e da causa diante do projeto maior de emancipação da sociedade como projeto de humanidade.

Nossa revolução deve ser pacífica. Primeiro mudamos a ordem dos nossos próprios pensamentos e passamos a agir como sujeitos históricos, daí unificaremos a luta coletiva entorno das questões primordiais tidas como de urgentíssima grandeza, ao utilizarmos o nosso trabalho de formação cultural como ferramenta para depormos a transitória jornada de todo e qualquer utilitarismo fisiologista e assistencialista premente como norma entre os órgãos deliberadores dos bens de produção.

Às vezes, ao ler as Obras que Paulo Freire escreveu sobre a humanidade penso na contemporaneidade dos seus sonhos e no péssimo usufruto de sua literatura quando exposta para agradar ou enganar, quando usada para salvar ou para matar ou até mesmo quando proferida para fingir ou arrotar valores vazios. Porém, reitero o meu pensar ao seu sonhar e acalmo os meus demônios pessoais refletindo uma vinheta de um mestre do romantismo chamado La Rochefoulcault: “não deveríamos nos surpreender, a não ser pelo poder de ser ainda surpreendidos”.

Por isso somos sinestésicos e producentes em nossa própria energia quando como educadores, nos formamos para orientamos novas aprendizagens; onde produzimos analogias e, em suma, somos a imagem que o homem da modernidade em crise de representação é: Homens que precisam pensar para transformar, na ânsia de vencermos desafios maiores para ressignicarmos nossas bases de unidade e de luta profissional sob novos padrões; entendendo-os como uma nova forma de agenciamento entre a realidade e a ideologia, para produzirmos a literalidade e o sentido que procuramos na difícil arte de ensinar. Portanto, Proletariado Uniu-vos!