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Núcleo de Estudos Foucaultiano © Gênesis Naum de Farias
Poeta Bruxulesco® - Professor da Universidade Estadual
do Piauí – UESPI. São Raimundo
Nonato/PI/Brasil.
E-mail: nucleofoucaultiano@gmail.com
“Sou Professor a favor da decência contra o despudor, a favor da liberdade
contra o autoritarismo, da autoridade contra a licenciosidade, da democracia
contra a ditadura de esquerda ou de direita (...)”
Paulo Freire, Pedagogia da Autonomia, 1996.
Às vezes,
quando penso nas pedras que profetizei encontrar no meu caminho ao longo da
difícil carreira do Magistério, faço-me refletir sempre o dia a que é dedicado
o Dia do Professor. Nestas reflexões, muitas vezes tenho incomodado o Pensador
Paulo Freire lá no seu leito de paz. Porém, o mesmo me faz esperançoso no
sujeito do Educador que sou, pois sabendo não ser tempo de otimismo, nem de
discursos panfletários, proclamados para oprimir ainda mais os marginalizados
pela sanha dos poderosos, administradores da esfera pública, me ponho firme na
certeza de que somos agentes de grandes e significativas mudanças, quando o
cenário nos faz pensar nos recursos destinados pelas mais variadas instituições
ou pelos mais variados órgãos da mesma esfera, que não se ocupam em diminuir as
distancias entre os excluídos. Mas isso diz pouco, se não estamos em tempos de
otimismo é preciso ser esperançoso no que tange as raízes dos problemas
vivenciados pelos Mestres do Saber em suas escolas desaparelhadas, com seus
salários atrasados, sendo administrados politicamente por uma máquina
administrativa atrelada a uma ideologia egocêntrica, centrada no descaso. Neste Quinze de Outubro comemora-se o Dia do
Professor e, com ele a triste desilusão de sabermos que não temos nada para
comemorar devido à relativa e trágica morosidade de nossas estruturas de
ensino, quer quando pensamos nas políticas para a Educação, proposto para
muitos Municípios deste país da diversidade, quer quando pensamos no volume de
recursos destinados a mesma Educação que acabam na vala profunda da corrupção.
A revolução
que nos é proposto nestes tempos de Pós-modernidade
se fundamenta numa orgânica tentativa de nos fazermos vigilantes, em tentarmos com
o labor intelectual minar os estados de consolidação de poder, em prol da
unidade e da eterna busca por uma identidade profissional, para que consigamos
empreender o sonho do educar como uma proposta a mais diante do amplo embate
social em que se encerra o trabalho docente para transmitir de forma crítica o
conhecimento a que é proposto como fomento em sua ementa, no empenho para
formar uma mentalidade de sociedade que seja capaz de quebrar as antigas
estruturas dos paradigmas tradicionais da escola que queremos. Hoje, há certa
urgência em transformar as escolas públicas em centros de referência e formação
cultural, pelos professores e gestores, para promover seminários, discussões e
para integrar a comunidade em torno do projeto político pedagógico da escola. É
uma das soluções hoje pensadas para criar forças, produzir resultados e
equilibrar a relação de poder existente entre os formadores de opinião, a
comunidade, o poder público e suas secretarias.
Desta
forma, os Educadores precisarão de uma unidade capaz de fortalecer os laços com
os espaços formativos no empenho freqüente de compreensão da própria formação
como um mecanismo de luta. De outra forma nunca conseguiremos levar a causa da
Educação Pública ao palco da vida das pessoas, para que as mesmas possam julgar
o trabalho e a importância do Docente como causa e efeito de uma sociedade
justa, forte e moralmente nobre.
Bertolt
Brecht dizia que pensar é transformar; por este motivo se faz urgente pensarmos
em transformar nossos espaços formativos em espaços de organização do pensamento
e do conhecimento, preparando-os para a ampla defesa do capital cultural que
emana da própria sociedade, não se permitindo que o mesmo seja imposto pela
indústria cultural nem pelos organismos de manipulação tidos como espaços de
mediação de saberes coletivos derivados da imprensa midiática. Esta defesa
institucional em torno das questões de Educação favorece a um amplo empenho do
próprio professor como intelectual na defesa desta por meio do debate político
como uma prática discursiva, empreendido pelo próprio Educador quando de suas
incertezas frente ao decadente cenário imposto pelas políticas reais de
formação.
Só nos
resta esperançar e, nesta esperança descobrir uma forma de diálogo com a
sociedade para unificarmos os anseios de todos os Profissionais da Educação em
torno de um amplo projeto que processe outra imagem ao Pindorama Brasil. É
interessante lembrar que vivemos numa era de extremos, em tempos de guerra e de
crise moral, onde não há espaço para valores sociais porque o horror ético e as
crises morais afetam qualquer um que ostente o pensamento da mudança, mas este
é o cenário propício para entoarmos a canção dos excluídos, porque se não o
fizermos, veremos novamente revoluções burguesas nos moldes das francesas,
inglesas ou americanas que legaram para a humanidade todo o sofrimento do
infecto termo quando lutas de classe passaram a disputar espaço no formidável
empreendimento da escravização do homem pelo homem, em seus interesses e suas
formas de exclusão social, mudando a tônica do termo e da causa diante do
projeto maior de emancipação da sociedade como projeto de humanidade.
Nossa
revolução deve ser pacífica. Primeiro mudamos a ordem dos nossos próprios
pensamentos e passamos a agir como sujeitos históricos, daí unificaremos a luta
coletiva entorno das questões primordiais tidas como de urgentíssima grandeza,
ao utilizarmos o nosso trabalho de formação cultural como ferramenta para
depormos a transitória jornada de todo e qualquer utilitarismo fisiologista e
assistencialista premente como norma entre os órgãos deliberadores dos bens de
produção.
Às vezes,
ao ler as Obras que Paulo Freire escreveu sobre a humanidade penso na
contemporaneidade dos seus sonhos e no péssimo usufruto de sua literatura
quando exposta para agradar ou enganar, quando usada para salvar ou para matar
ou até mesmo quando proferida para fingir ou arrotar valores vazios. Porém,
reitero o meu pensar ao seu sonhar e acalmo os meus demônios pessoais
refletindo uma vinheta de um mestre do romantismo chamado La Rochefoulcault : “não deveríamos nos surpreender, a não ser
pelo poder de ser ainda surpreendidos”.
Por isso
somos sinestésicos e producentes em nossa própria energia quando como educadores,
nos formamos para orientamos novas aprendizagens; onde produzimos analogias e,
em suma, somos a imagem que o homem da modernidade em crise de representação é:
Homens que precisam pensar para transformar, na ânsia de vencermos desafios maiores
para ressignicarmos nossas bases de unidade e de luta profissional sob novos
padrões; entendendo-os como uma nova forma de agenciamento entre a realidade e
a ideologia, para produzirmos a literalidade e o sentido que procuramos na
difícil arte de ensinar. Portanto, Proletariado
Uniu-vos!