sexta-feira, 12 de abril de 2013

Núcleo de Estudos Foucaultiano


VIII Encontro de Professores Pesquisadores Sobre Educação na Contemporaneidade


Eixo Central do Evento: Os Sujeitos Como Reflexões Sobre as Potências Criativas do Conhecimento



Programação


Conferência de Abertura: O Sujeito na Pós-modernidade. – Prof. Esp.ª Gênesis Naum de Farias/ UESPI. – 02/04/2013.

Conferência: A Máquina do Tempo: Um prenúncio à animalidade e à catástrofe. – Profº. MSc Vinicius Macedo Barreto de Negreiros/ UFRS. – 08/04/2013.

Eixo Temático: Os Estudos Foucaultianos no Contexto do Currículo

Mini-curso: Bruxos e Poetas na Era Foucaultiana. – Profº. MSc Vinicius Macedo Barreto de Negreiros. – 03 e 04/04/2013.

Mini-curso: Deleuze e a Educação: Reflexões sobre as potências criativas do conhecimento. – Prof.º Esp.ª Gênesis Naum de Farias. – 08 e 09/04/2013.

Atividades Culturais:

Exibição do filme Clube da Luta. − Sala de Conferências.

Exibição de Documentários dos alunos sobre os Diálogos Existências pelos Diálogos Pedagógicos: Debates e Diálogos Ente Comunidades.

terça-feira, 9 de abril de 2013

A Importância da Leitura na Educação do Campo e suas Implicações Subjetivas sobre a Contemporaneidade.


Gênesis Naum de Farias¹*
Flávia Alves Teixeira²*
    Fátima Alves Teixeira³*
 

¹*Professor Especialista da Universidade Estadual do Piauí – UESPI.
²*Professora Esp.ª em Língua Portuguesa do Município de Petrolina/PE.
³* Professora MSc do IFPE/SERTÃO  – Petrolina/PE.
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Por sorte, surge de tempos em tempos quem coloque as coisas no devido lugar: críticos, amantes da arte, espíritos inquisitivos.” 

 Charles Baudelaire
em O Pintor da Vida Moderna.
 
          


           Diante dos desafios do ensino contextualizado e da necessidade de se repensar a Educação para o Campo e incentivar projetos ligados à formação de novos leitores nas escolas da zona rural, faz-se urgente pensar, pelo olhar de quem está diretamente ligado aos processos educacionais, respostas para os desafios do Ensino de Literatura como parte do processo que viria ampliar a importância dos estudos literários pelas ações curriculares. Na verdade, os saberes culturais andam na mesma direção proposta pelas ações curriculares e necessitam de mais projeção ao serem trabalhados no ambiente escolar como conteúdos que trazem relevância ao trabalho docente. O presente artigo se configura como um relato de uma experiência científica desenvolvida com o Ensino de Literatura numa escola em Área de Desenvolvimento Econômico Rural no Município de Petrolina/PE. A pesquisa nasceu desse desafio: dialogar com Professores de Língua Portuguesa sobre as Implicações Subjetivas da Leitura no Âmbito Educacional. A proposta previa um estudo de caso onde a escuta professoral demarcasse os territórios das incertezas históricas e pedagógicas para o processo ensino-aprendizagem, tendo como fator de analise a escuta existencial dos atores que compõe a Educação do Campo, no Campo e para o Campo.
O objetivo era unir a produção dos alunos e perceber os sentidos empregados com o fim de ampliar horizontes e diminuir as fronteiras entre o Ensino de Literatura, o estudo curricular e as políticas culturais desenvolvidas em sala de aula através da importância dada pelo Currículo à leitura. Muitas perguntas surgiram no meio do caminho: O que os professores devem efetivamente ensinar? Que intervenções efetivas podem ser obtidas a partir da compreensão do desenvolvimento humano e dos processos de aprendizagem pela produção de sentidos propostos pela leitura?
Aqui se quer criticar muitas coisas, neste relato conclusivo, e tecer novas considerações para melhorar o Ensino de Literatura; a começar pelo investimento institucional e pelo compromisso de cada Educador na empreitada pela qualidade da Educação oferecida para o Campo. O fato é que se atingiram os objetivos propostos pela Pesquisa em análise. Os resultados estão postos e seguem como reflexão aos desafios propostos para a Educação no século XXI. É preciso ser neste exato instante mais específico para com os Educadores envolvidos nesta empreitada ao repensar a própria formação na Contemporaneidade, levando em consideração as questões que dão relevância ao Ensino da Língua como uma abordagem interdisciplinar. Este fato é especialmente importante para que futuros Educadores considerem o que terá que ser levado em conta na formulação das novas práticas de ensino e organização curricular para formar alunos críticos que consigam perceber os desafios que lhes são propostos no ambiente que os operacionaliza fora dos muros da sala de aula.
Foi desafiador trabalhar os elementos da subjetividade pela escuta existencial, tanto dos professores quanto dos estudantes levando em consideração os fatores reais que dão sentido ao mundo formal em oposição às abordagens pragmáticas do Currículo Proximal. Como uma entre muitas formas, se pensou na cultura local como dispositivo político para incorporar novos pressupostos à Educação para o Campo, pretendendo lançar algumas esperanças no plano das transformações regionais para o Ensino de Literatura, através da mudança na estrutura mental dos estudantes e dos professores, criando outros repertórios ideológicos para incorporar outras práticas de ensino pelas pesquisas desenvolvidas em sala de aula. Ficou aclarado que a Educação para o Campo possui vocação para conceber boas ideias em bons projetos de ensino, bastando para isso que o processo formativo seja visto de forma contextualizada.
A princípio foi urgente perceber a participação do referido quadro de docentes na elaboração de novas diretrizes de ações e reflexão, tendo como objeto de indagações às questões multiculturais e as novas formas de se produzir conhecimento, dentro e fora da sala de aula, postulando a aquisição de novas perspectivas para o Ensino da Língua Portuguesa tendo como resultado novos leitores. A participação da comunidade de estudantes e professores da referida escola na zona rural de Petrolina foi fundamental para a compreensão real dos fatores que intervêm nos resultados finais das aprendizagens significativas. O intuito previa analisar os vários saberes ligados às questões que se firmam nos processos de formação da cultura escolar pela leitura e compreender a que caminhos poderão levar os processos formativos na ausência de leitores. A tentativa pretendia reconhecer nos conteúdos literários a necessidade de se repensar a Formação Contextualizada como auxílio ao esforço de compreensão da realidade e seus elementos subjetivos.
Com este horizonte conceitual, a pesquisa que hora se encerra pretendeu compreender o universo dos estudantes e dos professores, quando se debruçarem sobre o universo da leitura e suas multireferencialidades, tendo como norte a importância da literatura para o contexto local, resguardada pela influência dominante do pensamento educacional moderno, através dos serviços propostos pela Educação Formal como ferramenta de poder e de transformação social. Assim sendo, considerou-se da maior relevância para a análise e compreensão do trabalho junto aos docentes, a leitura em grupo, as entrevistas e a análise documental, tendo como norte a escuta existencial dos atores desse pensamento interdisciplinar e as novas abordagens da Educação para o Campo como elemento de contextualização e produção de novos sujeitos, habilitados para a compreensão da realidade como prática da liberdade.
Diante do exposto, ficou estabelecido uma conexão prática-reflexiva que permeava as novas ações curriculares para o Ensino de Literatura, requerendo novas condições para as reflexões que se bricolavam pela participação dos estudantes, refletindo criticamente sobre as experiências de aprendizagem ao se debruçar, como leitores, sobre as vivencias literárias e a propagação da importância da leitura contextualizada e da identificação com as relações que esta guarda com as subjetivações que se estendem aos sujeitos históricos pelo processo formativo do ensino contextualizado através do lugar social da escola como o mais importante ambiente de formação cultural.
Ciente de que a maioria dos professores precisava pensar sua própria formação, a pesquisa, em análise, procurou contribuir de forma significativa para a formação pedagógica dos Educadores, propiciando oportunidades para o debate das questões propostas à atividade docente, fundamentalmente no Ensino Básico, de forma a aproximar o Ensino das Línguas às propostas interdisciplinares, sendo este o grande ponto da reflexão: pensar novos leitores como atores que saibam se posicionar diante das questões que aparecem no cenário de cada contexto real.
Outro importante incentivo da referida pesquisa para os Educadores foi elaborar a produção de uma semana para se comemorar o Dia da Leitura com palestras, exposições, cinema e apresentações de manifestações ligadas à cultura literária. A proposta previa eventos, marcados por apresentações culturais e exposições de trabalhos desenvolvidos pelos estudantes. Enfim, a pesquisa se desenvolveu objetivando compreender os processos que caracterizam as ressignificações da representação dos Educadores em seu contexto de sala de aula pela ampliação dos diversos olhares práticos do Ensino de Literatura e pelo desenvolvimento das práticas educacionais como elementos transformadores da realidade escolar, tendo como parâmetro a habilitação e o pleno desenvolvimento das competências dos futuros leitores.
Muito embora certas habilidades para o exercício da leitura só cheguem a ser alcançadas, de fato, com as experiências de aprendizagens significativas, é evidente que a reflexão das práticas pedagógicas tem um papel decisivo na formação dos novos leitores. Esta pesquisa e seus pesquisadores se preocuparam também com a discussão sobre as novas linguagens e/ou novas tecnologias no Ensino das Línguas, de forma a preparar os estudantes para o uso dos múltiplos recursos pedagógicos.
É preciso salientar que nem sempre a maioria dos docentes estão sintonizados em compreender os deslocamentos que se dão pelas estratégias que se colocam nos caminhos do Fazer Pedagógico; é como se as ações pedagógicas e curriculares não necessitassem desses elementos para uma melhor identificação com o objeto do ensino como fator de transformação. Essas questões também eram levadas em muita consideração quando os pressupostos político-filosóficos da Educação para o Campo eram questionados em sala de aula pelos professores ao procurem os sentidos que o Ensino das Línguas possui para se alcançar, como implicações subjetivas, quando questões outras surgem no ambiente escolar, como a falta de motivação, empenho e relevância social, dados como os principais motivos que os levam a pensar na desmotivação como algo que os desterritorializam para uma produção significativa do conhecimento no mundo real.
O contexto exposto exigia uma atitude que ressignificasse o entusiasmo inicial, a dedicação e a confiança nos trabalhos desenvolvidos pela equipe pedagógica. Se por um lado é difícil pensar as questões que se pontuam pelos aspectos da Formação, por outro lado há quem queira refletir sobre esses aspectos que clamam por profissionais qualificados, atualizados e preparados para enfrentar a realidade e a diversidade cultural. Esse era o horizonte que se tinha, bem como o desafio a ser vencido: produzir atividades de leitura compartilhada para dar um norte qualitativo ao Ensino de Literatura para a Educação oferecida ao Território de Desenvolvimento Econômico em Área Rural.
Muito se fala, atualmente, sobre a nova sociedade que se estrutura para o século XXI e para os seguintes. Aqui assumimos o compromisso de discutir as questões que interessam às mudanças cruciais ocorridas nas últimas décadas, no território da Educação Básica do Campo, que trazem consigo a necessidade de repensarmos de forma profunda a estrutura de nossas instituições de ensino. Para isso, aborda-se imediatamente o que faz deste inicio de milênio um período tão singular: as simultâneas revoluções tecnológicas e o acesso massificado à informação.
Os primeiros passos dados nesta pesquisa pelos pesquisadores, aconteceram pelas discussões que já estavam ocorrendo entre alguns professores insatisfeitos com questões que envolviam o ensino e os desdobramentos das políticas públicas para a Educação Rural como elemento de transposição didática para uma melhor configuração na Formação e para a Formação.
Essas questões eram pontuadas quando se refletia a Formação dos Professores e a Valorização do Magistério, buscando a melhoria da qualidade do ensino como um dos pontos centrais do Plano Nacional de Educação; era uma cobrança que tinha prazo e que corria ao largo de uma efetiva solução, mas refletia em sala de aula, pois os professores entendem que a valorização do magistério só efetivamente acontecerá quando os atores sociais se doarem para alcançar as metas estabelecidas em cada nível de formação ou através das modalidades de ensino que ao serem pensados na teoria, reflita os anseios impostos pelas políticas globais de Educação. Essa valorização só pode ser obtida simultaneamente quando for pensada como Política de Formação, que trabalhe as condições necessárias tanto para a profissionalização quanto para a produção de uma carreira. Ou seja, trabalho, carreira e salário.
Este é o grande desafio de qualquer docente; superar esse tripé para fortalecer sua estética existencial. Simultaneamente essas três condições aparecem nos anseios da classe professoral, bem como de toda a comunidade escolar. É uma lógica que é extraída pela prática pedagógica: refletir pelas ações do cotidiano.
Neste contexto, chegou-se a conclusão que era necessário criar ambientes de formação para ampliar os esforços e melhorar o Ensino das Línguas. A Lei 10.172 que rege o Plano Nacional de Educação enfatiza claramente essas questões: “(...) Esforços dos sistemas de ensino e, especificamente, das instituições formadoras em qualificar e formar professores têm se tornado pouco eficazes para produzir a melhoria da qualidade do ensino por meio de formação inicial porque muitos professores se deparam com uma realidade muitas vezes desanimadora. Ano após ano, grande número de professores abandona o magistério devido aos baixos salários e às condições de trabalho nas escolas. Formar mais e melhor os profissionais do magistério é apenas uma parte da tarefa. (...).
De fato muita coisa ainda ficou por ser feita, mas os encontros para discutir a realidade do Ensino de Literatura objetivaram compreender o universo professoral pela escuta pedagógica da estética existencial no que diz respeito à transposição didática dos conteúdos adquiridos ao longo da Formação de cada Educador. Nisto materializaram-se os principais anseios dos educadores. Falta muito para se chegar à totalidade e a perfeição, mas também ficou claro que falta vontade política para estreitar laços e produzir outras práticas discursivas. A começar pelo lugar social da fala, que foi de extrema importância nesta pesquisa, pois se concretizou, como reflexão, no lugar social dos acontecimentos, dando outros nortes às representações do Fazer Pedagógico.
Portanto, esta leitura da Educação Como Prática da Liberdade se encerra reconhecendo as frustrações dos docentes, porém realçando esperanças, pois alcançou os objetivos propostos ao reconhecer a importância da diversidade de lócus da formação de professores no Território de Desenvolvimento da Educação do Campo como uma advertência singular que reconhece a totalidade de problemas enfrentados pelos Educadores e sua diversidade de olhares como solução transitória, com tempo definido e validade institucional, visto que a Educação para o Campo não pode ser pensada na ausência de um compromisso político com quem ensina. É preciso que o poder constituído nesta Nação lance outros olhares para as cidades do interior onde estão lotadas as escolas rurais e instale outras proposições para a formação nas séries presenciais, pois do contrário muito do que se configura como educação para a convivência com a realidade rural, nas escolas do campo, irá fechar suas portas por não terem nenhuma condição de trabalho digno, e aqui se coloca a crítica de que os recursos destinados para a Formação Continuada no âmbito da Educação para o Campo são ainda muito escassos e quase nunca se efetivam de forma clara, mas a Formação com Prática Libertadora, vem se configurando como uma eterna luta institucional.