quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

Núcleo de Estudos Foucaultiano: Dialogando com a Diversidade através da Contemporaneidade.



Núcleo de Estudos Foucaultiano © Gênesis Naum de Farias
Poeta Bruxulesco® - Professor da Universidade Estadual do Piauí – UESPI. São Raimundo Nonato/PI/Brasil.


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Instituição de Fomento: Universidade Estadual do Piauí – UESPI.
Palavras-Chave: Formação de Professores; Práticas Pedagógicas; Subjetivação; Identidade; Tecnologias de Si.
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Aconteceu no Campus Ariston Dias Lima – Campus situado na Região Sudeste do Piauí, localizado na cidade São Raimundo Nonato entre os dias 16 de Setembro e 26 de Outubro, o VI Encontro de Professores Pesquisadores Sobre Educação na Contemporaneidade, organizado pelo Núcleo de Estudos Foucaultiano. O evento contou com um ciclo intenso de palestras tendo como eixo temático central A Formação de Professores e os Desafios e Proposições para a Pesquisa Local. No ensejo, aconteceram dois Mini-cursos, o primeiro intitulado O Elo Perdido: Um Olhar Antropológico Sob a Perspectiva da Cultura Ocidental ministrado pelo Prof. Drº Guilherme Medeiros, e o segundo intitulado A Didática do Ensino Superior no Contexto do Professor Pesquisador ministrado pelo Prof. Esp. Gênesis Naum de Farias.
As exposições científicas como comunicação aconteceram em duas modalidades, porém com temáticas transversalizadas para atender as perspectivas do currículo crítico com vistas também a celebrar as reflexões sobre a produção cultural e científica na Centenária São Raimundo Nonato. O enfoque gerador se ordenou pela necessidade de organização de uma ampla troca de ideias sobre a pesquisa local, o ensino e a extensão universitária como desafios para a Formação de Professores, pois pretendia celebrar o papel exercido pelos pesquisadores locais no fomento de outras modificações na estética cultural─; ainda sob as comemorações do Centenário de emancipação da cidade de São Raimundo Nonato. As exposições tiveram como norte os trabalhos de Doutoramento de parte dos pesquisadores convidados, que abrilhantaram o evento refletindo e deixando contribuições no âmbito das políticas de Educação para direcionar os desafios e as proposições para a pesquisa local, tendo em vista a própria produção científica produzida no âmbito local.
As atividades desenvolvidas propunham a consolidação tanto do Núcleo de Estudos Foucaultiano quando do evento cultural e científico que celebra a pesquisa na Universidade: Encontros de Professores Pesquisadores Sobre Educação na Contemporaneidade. A proposta se desdobrou em intensos momentos de encontros entre pesquisadores e estudantes, tendo o debate como proposição de novas ideias para ampliar e fomentar novas abordagens para o ensino, a pesquisa e a extensão na própria Universidade.
As Palestras e Mini-cursos se desenvolveram em torno de questões que englobava as problemáticas da formação universitária em três dimensões, especificamente, se debruçando sobre as problemáticas da Formação para a Pesquisa Local. As temáticas foram diversas e se desenrolaram pensando as principais questões que afligem o processo formativo; tais como: Ensino, Pesquisa e Extensão na Contemporaneidade; Universidade, Currículo e Transformação – Um Olhar sobre os desdobramentos Culturais na Era Pós-Industrial; A Universidade e a Pesquisa: Desafios Propositivos; A Formação de Professores e os Desafios e Proposições para a Pesquisa Local; As Tendências e as Perspectivas para o Ensino Superior.
Com este horizonte conceitual, o Núcleo de Estudos Foucaultiano pretendeu qualificar estudantes e professores, para se debruçarem sobre o universo da pesquisa e suas multireferencialidades, tendo como norte a importância da Extensão Universitária para o contexto local resguardada pela influência dominante do pensamento moderno através dos serviços estendidos pela Educação Formal como ferramenta de poder e de transformação social.
Ciente de que a maioria dos estudantes precisa pensar as Práticas de Pesquisa e Extensão pelo viés da qualificação para ampliar a relação de pertencimento profissional entre Licenciaturas, na condição de professores, nas diversas modalidades de ensino, o referido Núcleo tem procurado contribuir de forma significativa com a formação pedagógica dos graduandos, propiciando oportunidades para o debate das questões peculiares à atividade docente, fundamentalmente no ensino básico, de forma a aproximar ensino e pesquisa pela extensão universitária, sendo este o grande ponto de reflexão para fazer outros agentes de mudança se posicionar diante das questões que aparecem no cenário da Formação com o sentido lato da continuidade.
Enfim, a proposta se desenvolveu objetivando ressignificar e qualificar a formação dos discentes dos cursos desta IES para a ampliação dos diversos olhares práticos da Licenciatura e do desenvolvimento da pesquisa, do ensino e da extensão como elementos transformadores da realidade escolar, tendo como parâmetro a habilitação e o pleno desenvolvimento das competências dos futuros professores.
Outro fator importante nas relações interinstitucionais do Núcleo de Estudos Foucaultiano através dos Encontros de Professores Pesquisadores Sobre Educação na Contemporaneidade é a parceria que se firmou e tem se consolidado entre as Instituições de Ensino Superior do Território de Desenvolvimento Econômico Serra da Capivara, quando ambas estreitam laços entre comunidades acadêmicas para fortalecer a pesquisa através do trabalho conjunto entre professores e pesquisadores, focados no diálogo cultural para ampliar atividades conjuntas, buscando estreitar os desafios da pesquisa na Universidade, buscando o fomento do desenvolvimento local. As instituições se denominam parceiras porque entendem o esforço de compreender a realidade com foco da transformação.
Assim sendo, as atividades se desenvolveram no âmbito da criação de um calendário específico de Encontros de Professores Pesquisadores para pensar a pesquisa educacional no âmbito local, propondo discussões que viessem refletir novas práticas de ensino, pesquisa e metodologia, colocadas pela transposição didática de determinados temas pedagógicos presentes na sala de aula, através dos diversos procedimentos metodológicos que aproxime professores da graduação e pesquisadores da pós-graduação através do uso das novas tecnologias na Formação, tendo em vista a documentação histórica e os novos fazeres pedagógicos consolidados pela necessidade de se pensar o espaço acadêmico como o lugar de produção de novas abordagens tecnológicas. Essas questões eram pontuadas quando se refletia a Formação dos Professores e a Valorização do Magistério, buscando a melhoria da qualidade do ensino como um dos pontos centrais do Plano Nacional de Educação.
O importante foi desconstruir certos conceitos errôneos que cercam a Formação dos Professores quando os alunos entendem que a valorização do Magistério só efetivamente acontecerá quando os atores sociais se doarem para alcançar as metas estabelecidas em cada nível de formação ou através das modalidades de ensino que ao serem pensados na teoria, reflita os anseios impostas pelas políticas globais de Educação. Essa valorização só pode ser obtida simultaneamente quando for pensada como Formação Contínua, que trabalhe as condições necessárias tanto para a profissionalização quanto para a produção de uma carreira. Ou seja, trabalho, carreira e salário. É o grande desafio de qualquer Educador: superar esse tripé para fortalecer sua estética existencial, buscando ampliar sua representação social como formador de opinião.
Portanto, com o intuito de apresentar e discutir novas metodologias de ensino, pesquisa e extensão, tendo reflexo nas questões práticas e nas novas leituras da Educação, o Evento celebrou a importância do diálogo entre pesquisa e pesquisadores no aspecto do fomento local, tendo como eixos norteadores a Escola Básica; a Formação Contextualizada; os novos formatos de Praticas de Pesquisas de Campo; a Extensão Universitária e os Processos de Ensino-Aprendizagem.
De fato muita coisa ainda ficou por ser feita, mas as produções dos encontros para discutir metodologias de ensino e pesquisa objetivaram capacitar os graduandos no que diz respeito à transposição didática dos conteúdos adquiridos ao longo da graduação e alcançaram o horizonte pretendido: dialogar com a diversidade através da Contemporaneidade.


Considerações Finais

A prática docente tem levantado muitas inquietações quando o Fazer Pedagógico clama por mais reflexões. A proposta deste Núcleo de Estudos e Pesquisas Aplicadas tem por objetivo a compreensão da obra do filósofo Michel Foucault com vistas ao aprimoramento do espaço do debate na Universidade, tendo como referencial os pressupostos teóricos empreendidos pelo contexto que envolve os processos de desterritorialização em sua dinâmica de pluralidade junto à pesquisa educacional e a formação dos estudantes das Licenciaturas nos Campis da Universidade Estadual do Piauí – UESPI, de modo a entender e fortalecer as estratégias de ensino-aprendizagem com vistas a uma melhor compreensão dos sentidos da Educação na Contemporaneidade.
Por isso há sempre mais uma necessidade corrente de se discutir e repensar a formação como um processo de subjetividade, que transita historicamente pelos espaços simbólicos da construção do conhecimento, onde se percebe a indispensável necessidade na compreensão de temas relevantes à própria formação acadêmica quando da relevância de questões outras relacionadas à problemática da Educação e sua relação com as práticas pedagógicas na sociedade, fazendo-se urgente elaborar diretrizes de ação, pesquisa e reflexão, para fortalecer o objeto de estudo pelas indagações que surgem no campo da pesquisa educacional para estreitar a relação direta existente no Fazer Pedagógico, dentro e fora da escola, postulando a aquisição de novos saberes que sirvam para ampliar a relação entre teoria e prática.
O objetivo deste trabalho de extensão universitária é privilegiar a aquisição de mais saberes, vinculando-os às realidades sociais, tentando reconhecer nos conteúdos tramados pelo objeto dos encontros e dos debates a serem estudados, o foco que auxilie uma maior adequação nos espaços formativos de uma formação crítica, levando a comunidade acadêmica à compreensão da realidade. Pretende-se com este Núcleo de Estudos, fomentar discussões; investigar as problemáticas diversas que compõem o meio educacional; estudar a diversidade cultural; analisar os componentes sociais e escrever novos cenários para a questão da pesquisa educacional. Com este horizonte conceitual o Núcleo de Estudos Foucaultiano tem se debruçado sobre o universo do filósofo Michel Foucault e sua importância para o contexto global, resguardada pela influência dominante do controle e da vigilância no pensamento institucional na contemporaneidade, onde se insere a sociedade do conhecimento e os indivíduos que a ela recorre para aprimorar a territorialidade cultural através dos diversos serviços estendidos ao homem como ferramenta de poder.
Assim sendo, considera-se de maior relevância a leitura em grupo, a discussão de temáticas e a criação de fóruns permanentes de reflexões ligadas à área educacional, tendo o pensamento de Michel Foucault como elemento de contextualização. Neste contexto é pensado um evento semestral, com eixos definidos pelas questões de pesquisa que se colocam no cenário educacional local, que se denomina Encontro de Professores Pesquisadores Sobre Educação na Contemporaneidade ─; evento este ligado aos anseios do Núcleo de Estudos que ganha outros significados cotidianamente diante das necessidades de uma formação intelectual que leve os estudantes a uma inserção mais ampla e que atenda a um sentido de continuidade através dos meios que propagam os saberes acadêmicos entre os estudantes e os profissionais da área da Educação.
Estes eventos, de cunho científico, se propagaram como um espaço de fomento reflexivo ligado às problemáticas mais urgentes na Educação da Região onde está situada a cidade São Raimundo Nonato (PI), vindo a atender as novas diretrizes compostas de ações como Pesquisa, Ensino e Extensão, tendo como objeto de indagações às questões multiculturais e as novas formas de se produzir conhecimento, dentro e fora da Universidade, postulando à aquisição de novos conceitos.
 O intuito quer privilegiar a aquisição dos vários saberes, e de um saber vinculado às realidades científicas através dos diversos olhares de propagação dos saberes da Ciência Educacional, tentando reconhecer nos conteúdos da Formação Contextualizada o auxílio ao seu esforço de compreensão da realidade. Pretende-se com isto, organizar variadas discussões que atendam as problemáticas investigativas nas diversas áreas do conhecimento onde se colocam os diversos contextos que compõem o meio científico; bem como estudar a diversidade cultural, analisar os componentes sociais e escrever novos cenários para a questão da pesquisa de campo, como metodologia.


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quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

Os Sentidos do Ensino de Literatura como Processo de Subjetividade: Um Estudo de Caso Numa Escola Rural em Petrolina/PE.




Gênesis Naum de Farias¹*
Flávia Alves Teixeira²*
    Fátima Alves Teixeira³*

¹*Professor Especialista da Universidade Estadual do Piauí – UESPI.
²*Professora Especialista em Língua Portuguesa da Rede Municipal de Ensino do Município de Petrolina/Estado de Pernambuco.
³* Professora MSc do Instituto Federal de Educação de Pernambuco – IFPE/SERTÃO.

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Forma de citar


FARIAS, Gênesis Naum de. TEIXEIRA, Flávia Alves, TEIXEIRA, Fátima Alves. Os Sentidos do Ensino de Literatura como Processo de Subjetividade: Um Estudo de Caso Numa Escola Rural de Petrolina/PE. São Raimundo Nonato/PI, 2012.


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RESUMO  


Este trabalho analisa o ensino da Língua Portuguesa e suas Literaturas no contexto de uma escola situada na zona rural, observando o Ensino de Literatura, nas aulas de Língua Portuguesa, buscando compreender de que maneira o debate entre professores e pesquisadores, da temática proposta, tem contribuído ou não para o desenvolvimento dos sujeitos diante das propostas pedagógicas voltadas para a realidade local, observando o percurso de ressignificação dos sujeitos, tomando o Ensino de Literatura como processo de subjetivação capaz de promover uma reflexão que seja primordial para nortear os sentidos da Educação, especialmente na tentativa de compreensão do papel da Língua como foco das análises para a efetivação de uma Educação do Campo, que atenda aos requisitos para o desenvolvimento sustentável. Percebe-se, então, a necessidade de melhorar a prática pedagógica dos professores de Língua Portuguesa, mudando o foco dos conteúdos literários para atender a significação da Literatura e direcioná-la para o contexto de uma Educação Contextualizada que atenda a formação dos estudantes em sala de aula de forma multidisciplinar.

Palavras-Chave: Educação do Campo; Ensino Contextualizado; Aprendizagens Simbólicas; Subjetividade; Literatura.



ABSTRACT 


This paper examines the teaching of Portuguese language and its literature in the context of a school situated in the countryside, observing the Teaching of Literature in Portuguese language classes, seeking to understand how the debate between teachers and researchers, the proposed theme, has or not contributed to the development of the individuals on the proposals aimed at teaching local reality, observing the course of reframing the subject, taking the Teaching of Literature as a process of subjectification able to promote a reflection that is essential to guide the senses of Education, especially in trying to understand the role of language as the focus of the analysis for the execution of a Rural Education, which meets the requirements for sustainable development. It is clear, then, the need to improve the pedagogical practice of teachers of Portuguese, shifting the focus from content to meet the literary significance of literature and direct it to the context of a contextualized education that meets the training of students in class class in a multidisciplinary way.

Keywords: Rural Education; Teaching in Context; Symbolic Learning; Subjectivity; Literature.



         Introdução

No decorrer dos Cursos de Licenciatura Plena, o Ensino de Língua Portuguesa tem se preocupado com aprofundamentos de fórmulas pré-definidas e essencialmente aplicáveis à comunicação verbal. Hoje, apesar de tantas teorias em torno da interatividade do ensino, construtivo e contextualizado, percebe-se que, muitas vezes, isso não ultrapassa o nível de intenções e de simples discussões teóricas.
Esta realidade apontada acima, no entanto, tem sido questionada por alguns cursos de formação de professores onde a discussão se apresenta com a possível conclusão de que a inserção curricular da Literatura no Ensino Médio é, sem dúvida, muito importante para o estudante em sua fase de formação escolar. As escolas literárias promovem um encontro especial com a leitura, que através do contato com a Literatura faz o estudante vivenciar uma série de aspectos da Língua Portuguesa, ampliando o sentido da própria Língua no que tange sua interação com os derivados da mesma. Trabalhar a Literatura como disciplina curricular em sala de aula é, antes de tudo, mergulhar num mundo de subjetividade e encantamento, um lugar repleto de magia onde o aluno encontra a possibilidade de se descobrir, de se reconhecer, de se encontrar.
Concebendo a Literatura como um instrumento fundamental no desenvolvimento evolutivo da cidadania, vemo-nos angustiados e, até certo ponto, impotentes diante de tamanha crise imposta ao ensino desta disciplina. A dúvida é: O Ensino de Literatura está sendo trabalhado apenas como uma unidade de sentido histórico e biográfico ou como uma cosmovisão voltada para a formação do senso crítico e criativo do sujeito através da circularidade cultural, como adverte Bakhtin (1987).
É possível que o texto literário esteja sendo usado simplesmente como suporte natural para explicações teóricas ou para exercícios de reconhecimento e fixação dos aspectos gramaticais. Assim sendo, dificilmente se pode considerar a leitura e a interpretação efetiva das obras literárias como atividades referentes aos estudos da Literatura, ou seja, nas execuções de atividades inclusivas nas aulas de Língua Portuguesa. Afirma Zilberman (2005, p.130) que neste sentido a Literatura incorpora um caráter de liberdade de opinião, onde os estudantes podem expressar suas idéias, descobrir e compreender melhor suas próprias emoções. A faixa etária destes, no Ensino Médio, tem variabilidade que oscila entre os treze e dezoito anos de idade. Nesta fase o adolescente encontra-se emocionalmente vulnerável, e acaba sendo influenciado diretamente pela mídia, pelos amigos, pelos preceitos consumistas, deixando levar-se, na maioria das vezes, pelas falsas ideologias.  Para Lajolo (2001, p.81) trata-se de uma fase radical na vida do educando, haja vista, que neste período de sua vida, o mesmo passa a formar uma concepção de mundo, busca afirmar sua personalidade perante os pais, os professores e, principalmente, perante os amigos. O adolescente quer alçar novos vôos, isso acaba gerando atritos em casa, e também no ambiente educacional.
Neste contexto, o reducionismo prático que existe no Ensino de Literatura e nas suas práticas curriculares acontece devido à falta de manuseio com o universo simbólico dos professores para com a Literatura e suas diversas obras, ainda, sustentadas pelo sistema de ensino tradicional. Por isso, observa-se que é comum ouvir, na prática educativa, constantes relatos de insatisfações de estudantes e até de professores pela Literatura. Quanto aos estudantes, o problema geral pode ser a dificuldade de aprendizagem e, no que se refere aos professores, percebe-se que se sentem perdidos em relação às mudanças constantes nas teorias pedagógicas, o que suscita a necessidade de investigar as causas e as conseqüências implicadas por este processo e outros fatores que contribuem para tal insatisfação. 
Nota-se, portanto, que devido à insegurança, o Ensino de Literatura muitas vezes, deixa de ser mencionado. Por esse motivo, o presente trabalho pretende mostrar as incoerências, quanto ao ensino posto em prática, em virtude de uma visão distorcida do que é Ensinar Literatura. Assim, surgiu a intenção de pesquisar a relação existente entre o Ensino de Literatura e a construção dos sentidos nesta que é a Era dos Extremos e da falta de perspectivas para a formação de sujeitos críticos.
Na perspectiva de uma pesquisa qualitativa e considerando-se que a análise do processo de pesquisa e desenvolvimento das atividades de estudo com o grupo de alunos e professores é uma experiência única, o estudo de caso foi a abordagem utilizada para o desenvolvimento deste trabalho. A pesquisa de campo foi desenvolvida no período de 2010 a 2012 tendo como objeto de estudo os alunos e professores da Escola Dom Avelar Brandão no Município de Petrolina/PE.
O estudo mostra que a preocupação atual dos professores de Língua Portuguesa é com os conteúdos mais cobrados em concursos e vestibulares, por exemplo, os conteúdos gramaticais; enquanto a Literatura é esquecida ou utilizada como pretexto para o aprendizado da gramática normativa. Esse parece ser um dos problemas mais recorrentes no Ensino da Língua Portuguesa. Essa metodologia faz com que os estudantes se distanciem das simbologias destacadas pelos estudos literários e, no entendimento geral são presas fáceis de serem engolidos pelos efeitos da Indústria Cultural em seus diversificados meios de embalar a juventude num processo de engessamento e deformação.
Assim, a família, em parceria com a escola, deve proporcionar ambientes de leitura e produção de textos literários, pois assim será possível influenciar positivamente todos os estudantes na busca por uma identidade multicultural, apresentando a Literatura como uma maneira desses indivíduos se comunicarem com o mundo a sua volta. A formação de leitores de textos literários no Ensino Médio é sem sombra de dúvida, um grande desafio. As vantagens e os benefícios da Literatura para a formação dos estudantes são incontáveis. É preciso enfatizar que os gêneros literários oferecem a oportunidade de levar até o adolescente um mundo onde ele, poderá encontrar-se verdadeiramente com a liberdade almejada.
O trabalho em estudo tem como tema: Os Sentidos do Ensino de Literatura como Processo de Subjetividade: Um Estudo de Caso Numa Escola Rural em Petrolina/PE, e pretendeu provocar uma reflexão acerca do universo simbólico da Literatura como forma de Ensino na escola pública brasileira, respondendo ao seguinte questionamento: De que forma os professores de Língua Portuguesa têm trabalhado os conteúdos literários em sala de aula e como se processa a significação da Literatura para os estudantes?
A Pesquisa Procurou investigar a prática dos professores de Literatura, detectando suas concepções teóricas e suas implicações na aprendizagem dos alunos, focalizando a metodologia que o mesmo utiliza nas aulas de Literatura, estabelecendo relações entre as concepções do Ensino de Literatura do professor de Língua Portuguesa e sua prática, buscando identificar qual a relação que se estabelece entre as obras literárias e a compreensão simbólica no campo do espaço temporal dos alunos em situação de aprendizagem. O estudo mostrou a influência que o professor exerce na formação do estudante quando este deve utilizar a motivação como um elemento de positividade no processo de ensino-aprendizagem.  
Os estudantes têm concebido a Literatura como algo ultrapassado devido ao rápido e fácil acesso a textos interativos oferecidos pelo universo da rede de informação digital (Internet). Com efeito, o fundamento deste trabalho científico está ancorado nas teorias de Coutinho (1975), Lajolo (2001), Dantas (1982), entre outros.
A aplicação das atividades de pesquisa foi feita por meio da observação participante, da aplicação de questionários em encontros temáticos e programados, deixando claro para a instituição envolvida os objetivos estabelecidos por meio desse estudo. O presente estudo possibilitou o entendimento de que a prática do ensino de Literatura como ferramenta educativa no contexto escolar é muito importante, pois dá suporte de intervenção aos diversos propósitos da escola regular, visando promover na própria escola uma ação afirmativa de ensino e de aprendizagens múltiplas.
A Escola escolhida para o pleno desenrolar das atividades é da Rede Estadual de Ensino, pertence à cidade de Petrolina/PE e está situada na área de desenvolvimento rural. A análise metodológica utilizada para o docente possibilitou a formação de uma visão crítica acerca do tema proposto. Após a coleta de dados, aplicados e estudados com afinco e apuro, partiu-se para o resultado final, verificando-se que a escola em questão vem adquirindo um novo jeito de direcionar suas atividades curriculares, a mesma vem trilhando caminhos que valorizam o trabalho interdisciplinar, onde vários segmentos, conjuntamente, realizaram ações planejadas para consolidar o fazer pedagógico e alcançar os objetivos necessários às realidades propostas pelo processo formativo de ressignificação das realidades escolares, através das simbologias do permanente e imaterial universo da Literatura.
Os dados da pesquisa foram coletados utilizando-se os seguintes instrumentos: atividades desenvolvidas pelos alunos a partir de suas próprias reflexões e observações sobre as práticas de ensino, atividades desenvolvidas pelos professores a partir de suas próprias observações sobre o campo de trabalho docente, relatório das atividades e entrevistas, desenvolvidas e elaboradas pelos pesquisadores, avaliações dos alunos sobre o desenvolvimento das atividades e anotações realizadas pelos professores envolvidos na pesquisa durante as reuniões de planejamento, avaliação e entrevistas.
Enfim, a pesquisa foi dirigida e pensada para se configurar como artigo, quando outrora foi apresentada como Trabalho de Conclusão de Curso, e está dividida em quatro seções onde é possível perceber já na Primeira Seção que há uma tentativa em tecer as primeiras ligações teóricas entre os processos que compõe os laços entre o lugar social da Educação no Espaço Urbano e no Campo. É aí onde se apresentam os conceitos de Educação Formal, Não-Formal, sendo prioritário pensar o lugar da extensão propositiva do ensino, para compreendermos a dimensão do território social e discursivo do Currículo e das propostas para a Educação.  Na Segunda Seção, são descritos os procedimentos de análise dos dados utilizados como elemento de contextualização para a pesquisa, bem como os instrumentos aplicados para coletas de dados e suas análises e comentários. Na Terceira Seção pode-se perceber, através dos dados obtidos pela pesquisa, tendo como parâmetro os processos que concernem à escuta existencial; um elemento a mais no processo formativo empregado pelo professor de Literatura. O estudo traz na Quarta Seção, os reflexos práticos da pesquisa, trazendo para o centro da discussão a fundamentação teórica, constituído de abordagens de autores dedicados aos estudos literários, tecendo um dialogo acerca do trabalho realizado em sala de aula em relação à Literatura e suas diversas concepções, ao tempo em que descreve os processos que instrumentalizaram o campo da pesquisa. Nas Considerações Finais, contemplam-se as reflexões alcançadas através de conhecimentos adquiridos nesse estudo, fazendo um breve passeio pelo lugar social do Educador, na função que exerce frente aos desafios propostos à Educação para o século XXI.


O Ensino de Literatura através da Educação no Contexto do Campo

Como se notifica no corpo desta pesquisa, a mesma se propõe na tentativa de interpretar e discutir as questões educativas que passam pela escola e define o ambiente social que a mesma deve ocupar quando os processos educativos buscarem novos paradigmas de enquadramento sócio-político para os rumos da Educação dentro e fora da sala de aula, no ambiente urbano ou do campo, onde as novas competências são reconhecidas, aprimoradas e desenvolvidas pelos atores que lidam com a Educação Formal. A afirmação implica: Dizer que uma coisa está de ponta-cabeça, ou posta de pernas para o ar, afinal de contas é uma descrição muito relativa. A idéia de que esta é a posição errada só vale na medida em que a olhamos de cima para baixo...”. (Hill, 1987, p. 367).
No entanto, a escola do campo ainda enfrenta dificuldades em entender os processos que ampliam os contextos para fazer dificuldades relativas como permanência do estudante, indisciplina, evasão, repetência e difusão série/idade, algo que perfaz a longa caminhada do educador no território intelectual pelas fronteiras do mundo oficial em oposição ao seu modelo de certificação e preparo do professor centrado apenas no desenvolvimento de competências para o exercício técnico-profissional, consistindo, pois em uma formação prática, simplista e prescritiva, baseada no saber fazer para o aprendizado do que vai ensinar. (BRZEZINSKI, 2002).
Ao transpor esses desafios no contexto da Educação, o educador que trabalha na educação básica no campo ainda enfrenta outros dilemas a serem classificados quando “quer educar” sob os preceitos e procedimentos de um sistema educativo que delimita as fronteiras da discussão inferindo valores para as disposições que assumem objetivamente, nas questões curriculares, nas disposições físicas e arquitetônicas, no aparato permanente de funcionários, professores e gestores, no intuito de criar um espaço concreto de formação que interaja publicamente na formação de pessoas que compreendam a identidade e as propostas da Educação Básica do Campo quando sua tarefa for pensar a sociedade do trabalho e situar os indivíduos, em formação, nas discussões ligadas aos saberes transversais. Quer sejam eles em torno do desenvolvimento sustentável ou em torno da noção de sustentabilidade, sendo importante pensar o Currículo no âmbito concreto, real, vivido, e numa formação que atenda aos reais ditames da transformação, e aí, não importa saber se a disciplina é Literatura ou outra qualquer, importa pensar os procedimentos de ensino como processo.
A pesquisa aqui relatada pode ser classificada na perspectiva de uma investigação da formação de professores, já que uma das características do trabalho desenvolvido utiliza os conceitos relacionados à epistemologia da prática, que estão fundamentados na concepção do professor como profissional reflexivo e na reflexão-na-ação como estratégia de ensino e aprendizagem do trabalho docente.
Nisto, compreender os diversos aspectos formativos é perceber que estes, notoriamente, são partes da constituição biológica de todos os indivíduos e é fruto de um processo de mediação que passa pelos sujeitos continuamente, principalmente quando estes ocupam um lugar social produzido e elaborado pelos fazeres e pelos saberes apreendido no labor da “assimilação” como elemento de ligação entre a formação do cidadão e a sociedade.
Nesse sentido, a Educação nasce nos espaços históricos e se apropria de toda uma compreensão que alarga os significados e transforma novos rumos em novos reversos, dando forma a lugares ao criar sentidos para as experiências sentidas e vividas. Nisto, a implantação dos Parâmetros Curriculares (PCN’s) veio dar identidade própria à universalização de saberes formativos através dos processos de elaboração e implementação da noção de território diante das contradições e diversidades provocadas pelos processos de desterritorialização, quando os saberes não interagem com a vontade do mundo e suas representações lúdicas, suscetíveis e indefinidas.
A partir destas ideias, é importante se discutir a relação teoria e prática presente atualmente, no âmbito da Educação proposto para o Território de Desenvolvimento Rural como Educação Formal, sendo regimentada por um estatuto do conhecimento como uma carta universal que rege a produção de contextos e os transforma. Nesta perspectiva, é preciso pensar numa escola que consiga produzir o diálogo necessário para gerir conflitos sociais, ideológicos, históricos e sistêmicos.
A Educação como instituição mantenedora desse estatuto do conhecimento é parte desse lugar que fala dos acontecimentos, produz sentido, produz saberes, produz ativismo, produz currículo e temas socialmente significativos. Esta é a conceituação geral das potencialidades dos significados empregados à Educação, porém quando se faz necessário delimitar o conceito de Educação Rural ou “Educação Básica do Campo”, é percebido que o conceito precede defesas colocadas como a defendida por Kolling: Educação no Campo deve estar voltada aos interesses e ao desenvolvimento dos povos que habitam e trabalham no Campo, atendido às suas diferenças históricas e culturais para que vivam com dignidade e para que, organizados, resistam contra a expulsão e a expropriação, ou seja, (...) este ‘do campo’ tem o sentido do pluralismo das idéias e das concepções pedagógicas; diz respeito à identidade dos grupos formadores da sociedade brasileira (conforme artigos 206 e 216 da Constituição Federal). Não basta ter escolas no campo; quer-se ajudar a construir escolas do campo, ou seja, escolas com projeto político pedagógico vinculado às causas, aos desafios, aos sonhos, à história e à cultura do povo trabalhador do campo. (1999, p. 10). 
No entanto, nem sempre o professor tem consciência dos objetivos das ações envolvidas neste processo. Esse distanciamento reforça o universo de exclusão, além de não promover inovação porque a aprendizagem não colabora de forma participativa para personificar um modelo de educação capaz de dar outros sentidos a uma das principais características da Educação Rural, que é a sala multisseriada, onde tudo acontece, onde o professor trabalha simultaneamente com várias séries, e que requer do mesmo, permanente inovação nas metodologias de ensino.
A Escola do Campo precisa de renovação nas suas bases curriculares, focando a aprendizagem ativa, participativa, colaborativa e personalizada, pois do contrário, o Currículo não integrará de forma permanente às relações estabelecidas com a realidade institucional dos processos formativos. De forma prática, a comunidade escolar é feita por atores reais que além de implementarem os métodos, vivenciam diretamente os dilemas de uma realidade social distanciada do universo factual implementado pelas linhas de formação.
Para melhor compreender a situação exposta, são necessárias mudanças pedagógicas significativas tendo em vista que a organização da sala de aula esta diretamente associada aos processos que se definem pelo isolamento da própria escola rural, quando das determinações que encerram os interesses políticos de quem conduz estas políticas públicas de Educação através da estruturação do próprio Currículo cada vez mais inchado, sem ter como guia a auto-aprendizagem, permitindo que cada aluno nas séries multisseriadas, avance no seu próprio ritmo.
Quanto a esse isolamento social no qual ficam relegadas as escolas rurais, é fato que a realidade esta sendo modificada, mas ainda é preciso avançar muito. A Professora Colbert pontua: Sim, o rural ainda remete à pobreza e ao isolamento em todo o mundo. Mas é justamente essa realidade que nos obriga a romper com estratégias convencionais e inovar mais. Por isso, as classes multisseriadas, são inovadoras: modificaram as políticas públicas a avaliação e a formação de professores. (2005, p. 24). 
Tendo em vista a importância da transversalidade do ensino, o trabalho com a disciplina de Literatura vem abarcar os sentidos das palavras e entrar pela via da conexão com a realidade imagética, porque estão ligados a uma construção de mundo, fazendo-se necessário que tenhamos o domínio delas como abordagem epistemológica para ampliar a dimensão didática.  É através do ensino/aprendizagem da Língua Portuguesa, sobretudo a leitura, que se dá esse domínio, porém é percebível um grande nível de complexidade quando se trata do estudo/ensino da língua materna. Pois apesar do número de alunos que freqüentam as escolas rurais terem aumentado, existe uma quantidade preocupante de analfabetos funcionais entre eles, onde os mesmos apenas decodificam o texto, não compreendem.
A importância da Literatura na ressignificação imagética da realidade é parte da contribuição teórica que diz respeito à possibilidade de se estabelecer, na prática educativa, uma relação entre o aprender na realidade e o aprender com a realidade através das experiências textuais e existências do fazer literário como um elemento a mais na ordem dos discursos reais. Por essa mesma via, transversal, é possível se abrir novos espaços de convivência para incluir pelos saberes extraescolares uma potencialidade conceitual de escola que se perdeu ao longo das épocas na busca por uma Educação Global que atendesse a princípios gerais e normativos.
A Literatura deve ser trabalhada pelos professores como uma etnografia do presente, em que a criação da ficção também exponha outras realidades. A Literatura deve ser utilizada em sala de aula como um elemento de subjetivação capaz de unir texto e contexto numa exposição a outras realidades, sobretudo quando os textos literários, que mesmo utilizando a força imaginária, aproxima a realidade do leitor, dando-lhe oportunidade de analisar seus atos, permitindo-lhe uma nova leitura de mundo. Os teóricos afirmam que os professores e alunos precisam ler porque a leitura é um componente da educação e a educação, sendo um processo, aponta para a necessidade de buscas constantes de conhecimento. (SILVA, 1998.p.501). 
Partindo do ponto de vista que a Literatura está entrelaçada ao contexto social, o seu estudo se torna importante por entender que ela retrata a realidade de um coletivo, utilizando-se de elementos lúdicos fazendo com que seu estudo seja prazeroso. Ou seja, é uma espécie de comércio entre autor e leitor, onde o leitor faz várias interpretações a partir do texto escrito. O Pesquisador Schollammer Propõe pensar a Literatura dentro do que chama de ‘campo expandido’, em que entram em cena objetos, materialidades, novas formas estéticas e relação com outras narrativas, como o cinema e a TV. Não se trata mais de olhar apenas para a Literatura, mas de tudo que se relaciona com ela. (2011, p.68).
Diante deste contexto literário proposto como campo expandido o autor faz com que suas idéias sejam repassadas sem que sejam engessadas, mas sim melhoradas por meio das releituras. Nas escolas os textos literários podem ser vistos como representação do abstrato, mas na verdade ele permite que as palavras tenham outro sabor sem deixar de refletir a realidade. “Ainda é muito precária a compreensão crítica sobre a falta de autonomia da Literatura de hoje, pois a interação produz autonomia” diz Schollammer. Diante desse fato o pesquisador e acadêmico Antônio Candido sentencia: A arte, e, portanto a literatura, é uma transposição do real para o ilusório por meio de uma estilização formal da linguagem, que propõe um tipo arbitrário de ordem para as coisas, os seres, os sentimentos. Nela se combinam um elemento de vinculação à realidade natural ou social, e um elemento de manipulação técnica, indispensável à sua configuração, e implicando em uma atitude de gratuidade”. (1972, p.53).
O Ensino da Literatura está em crise devido à inadequação do próprio processo formativo dos educadores, tendo como dilema o advento da Indústria Cultural impondo uma cultura de massa, que faz com que os estudantes se afastem da profundidade simbólica proposto pelas escolas literárias. Por outro lado a cultura da leitura é uma representação do contexto social e a escola tem obrigação de traçar paralelos interdisciplinares não permitindo que a mesma perca sua origem para a massificação dos conceitos impostos pela especulação monolítica de uma cultura única. É da escola e do professor o papel de resgatar o encanto pelo livro. Sobre isso Aguiar, diz: Os professores, apesar de visarem à formação do hábito da leitura e o desenvolvimento do espírito crítico, não oferecem atividades nem utilizam recursos que permitam a expansão dos conhecimentos, das habilidades intelectuais, a criatividade ou tomada de posição, embora arrolem esses tópicos em seus critérios de aproveitamento escolar”. (1993, p.33).
 Não se pode esquecer que nas escolas públicas a Literatura só é ensinada a partir do Ensino Médio e que na maioria das vezes o professor de Língua Portuguesa leciona também Gramática e Redação, podendo resultar num aproveitamento menor dessa área, isso porque esse professor pode aproveitar e fazer com que as três vertentes da Língua sejam utilizadas paralelamente, invertendo a ordem das prioridades. No entanto, Carlos Nejar argumenta: “Muitas vezes ouvimos a anunciação do fim da crítica literária e da própria Literatura e mesmo da poesia e o espírito humano sempre se renova e o que parece terminar, começa”. (2011, p. 14).
 Afinal nos últimos anos um dos assuntos mais freqüentes da área da Gestão do Ensino das Línguas é como ensinar gramática? Por que os estudantes não gostam de ler? O texto como pré-texto é colocado no momento atual como uma prática muito utilizada, então usar o texto literário na formação da leitura, ensinando à gramática, pode ser uma estratégia eficiente no Ensino da Língua Portuguesa. Porém se faz necessário muita atenção para não confundir as ideias e simplificar os objetivos proposto para cada parte da área em questão. Schollhammer concorda, mas atribui a renovação “à percepção de que a mudança do lugar da Literatura na sociedade é uma condição e um desafio. Hoje a Literatura interage mais com a sociedade porque oferece outros elementos para garantir a autonomia pelas mídias visuais como o cinema, a TV ou a internet”. (2011, p.10).


         A Pesquisa em Campo

Propondo o cumprimento da pesquisa exploratória e de campo, nos meses de Março, Abril e Maio de Julho de 2012, esta pesquisa se propôs à análise das contribuições do Ensino de Literatura na formação do estudante-leitor, e as causas de motivação e/ou o desinteresse ligado a esta área do conhecimento. O método utilizado foi o exploratório, pois objetivava identificar variáveis que determinariam a ocorrência do fenômeno e explicaria a razão do mesmo, propondo-se a investigar as relações de causa e efeito. O trabalho se estabeleceu como uma pesquisa qualitativa onde objetivava transmitir, analisar e compreender a melhor maneira de se efetivar e de se trabalhar com a Literatura em sala de aula, buscando uma formação que de fato propusesse ao estudante-leitor um saber crítico. Convém salientar que o propósito do pesquisador era fazer uma pesquisa por amostragem com uma turma do 2ª ano do Ensino Médio.
Esta pesquisa foi realizada em uma escola da Rede Pública Estadual de Ensino, em turmas de 2ª ano do Ensino Médio. A mesma, esta localizada em área de desenvolvimento rural e se coloca como objeto de tal experiência científica e se propôs a compreender melhor a escolha do Lócus e deu a partir de outros trabalhos pedagógicos desenvolvidos pelos pesquisadores envolvidos.
Em princípio, foram feitas algumas visitas à instituição par agendar as observações, em conjunto com a direção e os professores de Língua Portuguesa. Nos dias marcados para se coletar os dados através de entrevistas e da escolha dos jogos pedagógicos, participaram 15 (quinze) estudantes e 02 (dois) professores, todos os presentes responderam o questionário proposto, bem como responderam a todas as expectativas quando da efetivação das conversas em bloco, apesar de alguns alunos terem se mostrado inibidos com a formalidade da conversa, porém atenderam as demandas.



          Os Instrumentos Metodológicos

Como se trata de uma investigação pautada nos princípios da pesquisa-participante, utilizou-se na investigação instrumentos técnicos como a observação, a entrevista e a analise documental. Para se obter um resultado satisfatório, procurou-se desenvolver o projeto em estudo, dialogado com a realidade na prática profissional do docente, através de visitas, encontros e estudos compartilhados, com o objetivo de intensificar a coleta de dados no âmbito educacional−; local onde está inserida a problemática.
O trabalho da escuta foi monitorado sistematicamente, objetivando relacionar nas falas do objeto da pesquisa os sentidos propostos ao Ensino de Literatura, bem como os seus reflexos diante das problemáticas vivenciadas com o cotidiano escolar: a descontextualização do Currículo, a indisciplina, o excesso de carga horária e o descaso institucional relacionado a Educação para o Campo, através das péssimas condições de trabalho, da falta de estrutura pedagógica e, principalmente, a falta de incentivos para se efetivar práticas ligadas à formação crítica e emancipadora.
A abordagem trabalhada foi qualitativa, pois os instrumentos para a coleta dos dados se utilizaram de questionários com perguntas abertas (semi-estruturadas), envolvendo professores e alunos. Os questionários continham 08 (oito) perguntas para professores e 04 (quatro) para os estudantes. Além desses questionários, foram utilizados outros instrumentos que se fizeram necessários à pesquisa, objetivando conhecer melhor a metodologia utilizada pelo professor nas aulas de Literatura e a relação que se estabelece entre a leitura de obras literárias na compreensão do mundo pelo viés do campo simbólico. Foram feitas as observações pertinentes buscando a compreensão das práticas pedagógicas desenvolvidas para gerir o Ensino, bem como as atividades propostas e o material utilizado para assim perceber a temática em questão.


         Sistematização e Análise dos Dados

A sistematização para fins de interpretação dos dados obtidos pretende proteger a privacidade dos entrevistados. Portanto, receberá códigos (A, B, C, D...) como categoria. Dessa forma, a leitura dos dados procedimentais (entrevista) levou em consideração a triangulação das informações (observação, entrevista e analise documental) para melhor entender os referenciais adotados na pesquisa sobre os Sentidos do Ensino de Literatura como Processo de Subjetividade, tendo como contexto a aplicabilidade numa Escola Rural em Petrolina/PE.
Nesta leva de acontecimentos, também é possível entender como os educadores se percebem nas malhas das fronteiras do discurso educacional em detrimento da relação direta ou indireta com o discurso institucional, bem como os fatores que informam os processos de subjetivação das identidades locais. Assim, a pesquisa conciliou observações, descrições e entrevistas.
         Como se trata de uma investigação pautada nos princípios da pesquisa-participante, utilizou-se na investigação, instrumentos técnicos como a Observação, a Entrevista e a Análise Documental, e adotou-se o principio básico de triangulação, fazendo os devidos cruzamentos dos elementos coletados.
        As Observações possibilitaram compreender todo o processo de coleta de dados. Elas foram relevantes por utilizar e fomentar nos mecanismo de percepção do pesquisador as influências do arcabouço teórico e dessa forma garantir a compreensão das situações analisadas.
         As Entrevistas foram estruturadas procurando atender a captura sutil dos elementos formativos através dos sujeitos envolvidos no processo de investigação. Esse procedimento tornará mais eficaz os resultados das informações prestadas.
          Quanto às Analises Documentais, elas têm uma importância fundamental porque através da captura dos sentidos discursivos, haverá uma maior sustentabilidade para se efetivar as investigações na ressignificação do processo ensino-apredizagem como elemento de interpretação subjetiva.
         Nesse caso, a Educação do Campo como objeto de estudo e análise está aqui inscrita com um sentido mais amplo, inerente às situações que envolvem a existência, tanto dos docentes como dos estudantes, desde que venha propor através da escuta a compreensão de condutas sociais e a remodelação dos processos que correm, na Educação, de forma silenciosa.
         É nesse sentido que o aspecto metodológico quer trabalhar com a colheita de depoimentos do universo dos atores do Ensino da língua Portuguesa e suas Literaturas, objetivando operacionalizar as conexões necessárias para as análises e a operação dos registros observados através do diálogo existencial pela escuta pedagógica como vetor simbólico de representação de subjetividade.  



           Resultados da Análise dos Dados

 Através dos relatos que seguem a pesquisa descreverá os momentos do desenvolvimento da pesquisa que foi realizada numa Escola da Rede Estadual de Petrolina /PE, nos meses de Março, Abril e Maio de 2012. Portanto, segundo Hill “Dizer que uma coisa está de ponta-cabeça, ou posta de pernas para o ar, afinal de contas é uma descrição muito relativa. A idéia de que esta é a posição errada só vale na medida em que a olhamos de cima para baixo...” (1987, p. 367).
  Diante do exposto, identificou-se a primeira dificuldade. Como pode um estudante gostar de Literatura se não tem o hábito de ler? Para os estudantes entrevistados, a Literatura é vista como uma disciplina maçante, onde não tem despertado nos mesmos um envolvimento que possibilite um maior pertencimento por parte da Literatura, como algo que os leva além de uma visão simplista da realidade, e os faça serem transportados para o irreal e imaginário mundo das palavras. Esses fatos fazem ampliar o campo de visão e a criticidade de cada um ao analisar as coisas. Observando a percentagem de estudantes, pode-se perceber que 70% destes gostam de ler e 30% não gostam da leitura fora do ambiente escolar. O gráfico a seguir mostra o tamanho do problema: os indíces mostram a percentagem de estudantes que gostam e não gostão de ler no ambiente escolar.


         O Processo de Escuta do Professor de Literatura

Esta parte da pesquisa foi projetada como sendo o objetivo primordial deste estudo, ou seja, era hora de conseguir respostas a cerca da postura dos professores relacionadas ao Ensino da Literatura e seu significado para o Ensino Médio. O questionário que foi aplicado com as professoras, continha 06 (seis) perguntas abertas e 02 (duas) de múltipla escolha. Ao ser analisados os questionários percebeu-se que as professoras relacionadas possuíam bom nível de formação.  Foram coerentes e concisas em suas respostas. Possuem consciência crítica quanto à necessidade do Ensino da Literatura. Ao serem indagadas da importância desta percepção, responderam: “(...) Procuro mostrar para todos os alunos as brilhantes cores dos livros literários atraindo-lhes aos maravilhosos personagens que estão ocultos por detrás dessas histórias. Pretendo, com isto, fazer com que eles percebam que os contos lhes são familiares. A esses livros encantados se acrescentam as emoções do dia de recebê-los. (Professor A).
Outro professor respondeu: “(...) Pretendo fazer com que os alunos tomem gosto pela Literatura, pois muitas dessas obras literárias chegam aos seus conhecimentos apenas por que seus autores alcançaram a celebridade. Meu intuito é fazer com que eles sintam paixão pela literatura, se tele transportem para dentro das peles de seus personagens e assumam “uma multiplicidade de eus”. (Professor B).
Pode-se observar que os temas abordados pelos professores apresentam linhas relacionadas aos interesses do jovem, muitas vezes controverso, como sexo, violência, drogas, relacionamentos amorosos. Os personagens proposto pelos autores, especialmente os protagonistas, são da mesma faixa etária dos leitores. Nos textos há imagens e fotos, mas não necessariamente; são basicamente constituídas de textos e que as obras literárias juvenis geralmente apresentam um número maior de páginas, podendo alcançar 200 a 300 páginas em vários casos. Observa-se nas falas das professoras, que elas têm se dedicado à arte de Ensinar Literatura e, que este interesse contagia os alunos da escola, quando feito com protagonismo.
Quando questionados sobre a importância da pesquisa no Ensino de Literatura a maioria observada enfatizaram: “(...) Não! Esses afazeres se encontram um no corpo do outro. Enquanto ensino, continuo buscando, reprocurando. Ensino porque busco, porque indaguei, porque indago e me indago (...) Sim. O professor deve discutir com os alunos a realidade concreta a que se deva associar a disciplina cujo conteúdo se ensina. Deve-se estabelecer uma intimidade entre os saberes curriculares, fundamentais aos alunos e a experiência social que eles têm como indivíduos.  . (Professor A).
Analisando estas falas pode-se observar o sentido pedagógico atribuído à Literatura Infantil (estimular o exercício da mente, despertar a criatividade...). O que importa, entretanto, é ver que o livro pode ser um objeto para que o aluno reflita sua própria condição pessoal (e a imagem projetada nela pelo adulto) e a sociedade em que vive.
Paulo Freire afirma ainda (2006, p.30) que o professor ou mais amplamente a escola, tem o dever não só de respeitar os saberes com que os estudantes, sobretudo os de classes populares, chegam a ele, mas também, discutir com os alunos a razão de ser de alguns desses saberes em relação ao ensino dos conteúdos.
Outra questão abordada foi se o Ensino de Literatura exigia o exercício da leitura? Nesta questão os professores compreenderam as razões que impulsionam os diversos tipos de saberes em relação ao ensino dos conteúdos. O “Professor A enfatizou que a criticidade é sinônimo de superação: “Para mim, desenvolver o senso crítico nos meus alunos nas aulas de literatura é fundamental, uma vez, que o meu objetivo não é formar meros receptores de conteúdos, mas pessoas com poder de argumentação”.
Já o “Professor B” levou em consideração a importância da reflexão em sala de aula sobre o papel da sociedade: “Quero que eles sejam seres críticos e não receptores de conteúdos. Quero formar uma “escola nova” e deixar de lado as práticas retrógradas e mutiladoras das “escolas tradicionais” que não levam os alunos a raciocinar e desenvolver seu senso crítico”.
De acordo com a professora Rosimeri da Silva Kutzner (2006, p.01) a Literatura tem sido concebida essencialmente como texto. Segundo a pesquisadora a Literatura é vista como “Uma enorme coleção de textos, uma monumental biblioteca universal. E, aparentemente, não há nisso equívoco. O texto, antes de qualquer coisa, é um produto. Nasce do trabalho humano, é resultado do esforço e criação individual dos condicionamentos sociais, das dimensões culturais, das condições econômicas, dos conflitos éticos e das contradições políticas, que configuram o espaço em que foi gerado e publicado”



         O Processo de Escuta do Estudante
O estudo da Literatura, enquanto instituição social tem que ser entendido como um processo. Processo histórico, político, filosófico, lingüístico; individual e social, a um só tempo. A Literatura constitui-se numa dinâmica que a todos envolve e compromete, numa unidade de movimento intensamente dialética. O real da Literatura é um processo que envolve atores historicamente situados em contextos sociais claramente definidos. A cada leitura, na trama da dialética que se estabelece entre leitor/texto/autor, constitui-se uma realidade histórica e social inédita. É pela leitura que o indivíduo pode romper as grades do seu próprio tempo histórico para poder dialogar com homens de séculos distantes. Reside aí uma das maiores fontes de liberdade do ser humano: a possibilidade de viajar no tempo e no espaço, na cultura e na ciência, nas fantasias e nos medos de homens e mulheres que precederam nos discursos que constitui a cultura histórica. E é isso que possibilita o alistamento do cidadão Histórico, homem de todos os tempos e de todas as culturas. Devido a tais questões, decidiu-se aplicar um questionário com os alunos da escola citada anteriormente para saber através de suas experiências de aprendizagem, suas percepções com relação ao Ensino da Literatura aplicada pelo Currículo escolar.
Diante do exposto, percebeu-se que os estudantes tinham muito a contribuir, pois a aprendizagem passa pela percepção sensorial da aplicabilidade do que é proposto pelo currículo escolar. Os estudantes entrevistados teceram suas considerações concluindo que o Ensino de Literatura era importante, mas não percebiam uma sintonia concreta entre os conteúdos propostas pela Língua. O “Estudante C” observou que o ensino lhe projetava nas aprendizagens múltiplas, mas devia ser mais explorado: “É boa, mais deveria ser mais explorada, mais geralmente não dá tempo de estudar com detalhes as escolas literárias”.
        O depoimento mostra que o leitor constitui-se, a cada leitura, numa realidade histórica distinta, sofrendo condicionamentos variados, originários de sua inversão social e cultural. Uma mesma pessoa, ao reler um livro, ainda que imediatamente à primeira leitura, já não é o mesmo leitor. É um novo leitor. Cujo cabedal de leituras inclui essa primeira, que se transformara em elemento de produção de sentido da releitura iniciada. Cada um lê o mundo com os instrumentos de sua época e de sua cultura. O leitor, sem deixar de ser pessoa individual, é necessariamente uma realidade social e histórica. Na sua leitura inscrevem-se as marcas de seu tempo, de sua cultura, de suas preferências, de seu desejo e de sua loucura. (Kutzner, 2006.p.01). O Gráfico abaixo mostra que 50% dos estudantes consideram o Ensino de Literatura bom, 30% consideram o mesmo ensino regular e 20% considera ruim: Percentagem de estudantes que consideram o Ensino de Literatura Bom, Regular, Ruim.

Diante dos dados acima citados, é possível concluir que a maioria dos estudantes gosta de ler obras literárias e consideram o Ensino de Literatura bom, no entanto, infelizmente, a maioria dos temas trabalhados em sala de aula está direcionado ao aspecto gramatical. É importante perceber que apenas 20% dos textos tratam de obras literárias. Outro dado que foi observado, e de grande relevância, é que os estudantes lêem obras literárias em casa. O referencial mostra que aos poucos, um novo contexto vai se estabelecendo como uma ponte entre a fantasia e a realidade gerando conceitos atitudinais recorrentes e producentes. Edgar Morin amplia a reflexão:


(...) É verdade que os estudantes começam a sair mais de casa e passam a ter outros interesses, mas um dos principais motivos é que os professores tornam a Literatura chata, decupando-a em partes pequenas e analisando minuciosamente o seu vocabulário, em vez de dar mais valor ao sentido do texto, à sua ação. (2003, p. 21).

Edgar Morin é tácito em perceber que a Literatura e as artes deveriam ter mais destaque no ensino, pois a construção dos saberes transdisciplinares ampliaria a compreensão da organização social de cada época a ser estudada, tendo bastante sintonia com as principais questões políticas de cada contexto abordado em sala de aula, tendo em vista que cada professor deve buscar sempre o trabalho interdisciplinar. Sua observação vai muito mais longe ao falar ao professor sobre suas responsabilidades:

O professor deve ter consciência da importância de sua disciplina, mas precisa perceber também que, com a iluminação de outros olhares, vai ficar muito mais interessante o seu trabalho. O professor pode procurar ter essa cultura menos especializada, enquanto não existir uma mudança na formação e na organização dos saberes. O professor de Literatura precisa conhecer um pouco de história e de psicologia, assim como o de matemática e o de física necessitam de uma formação literária. Hoje existe um abismo entre as humanidades e as ciências, o que é grave para as duas. Somente uma comunicação entre elas vai propiciar o nascimento de uma nova cultura escolar, e essa, sim, deverá perpassar a formação de todos os profissionais da educação. (2009, p.22).


          O Gráfico abaixo mostra as afirmações sobre os textos e as opções trabalhadas com freqüência em sala de aula: Percentagem dos temas trabalhados em sala de aula.
Este Projeto de Pesquisa tinha por objetivo analisar as práticas de ensino da disciplina de Literatura, para conhecer e pesquisar a formação do pensamento educacional a partir do trabalho com a Língua Portuguesa, de modo a entender, por meio do processo da escuta os significados e sentidos do ensino da Literatura como elemento de compreensão da Educação na contemporaneidade, as estratégias engendradas no campo da reflexão, bem como as condições que determinam uma maior e mais significativa aprendizagem pelas práticas pedagógicas. Para tanto, pretendeu-se reconstruir as diferentes redes de saberes para analisar e interpretar as linhas de constituição desses sentidos. Os diálogos existências pelas escutas pedagógicas falam por si de um objeto de estudo que tem muito a ser pesquisado, quando da emergência de um estudo crítico da Língua Portuguesa como elemento constituinte para a formação da cidadania.
Neste sentido, os problemas que nortearam a pesquisa exigem que as questões se remetam exclusivamente ao problema do ensino de Literatura pela necessidade de se ter em formação o Professor Reflexivo, para melhor entender os impactos discursivos que a ordem dos acontecimentos promove à lógica das incertezas históricas que cada Educador vivencia nesse modelo de sociedade frente à complexa desterritorialização de sua própria identidade. No entanto, e adquirindo mais força, os impactos discursivos reivindicam a pluralidade das explicações heterogêneas, onde a ciência não tem um lugar de protagonista. (HARVEY apud GIDDENS, 2006. p.100).
No entanto, as inquietações que surgiam tornavam-se evidentes e insistentemente se apresentavam na fala dos acontecimentos vivenciados pelos professores quando estes se mostram desacreditados com o contexto das transformações impostas pela indústria do consumo e não conseguem transpor a barreira do hiper-texto da realidade. (BAUDRILARD, 1979.p.21).
Essas inquietações constroem contextos e se mostram possíveis de um aprofundamento maior, quando o objeto da pesquisa é o próprio Professor diante de sua condição existencial ao trabalhar o Ensino da Língua colocando sua condição intelectual a serviço da promoção de sua própria representação social.
Essa compreensão vai se constituindo ao longo das experiências de aprendizagem de cada professor, acrescidos pela permanente inquietação da práxis existencial de cada um ao perceberem que a prática pedagógica e a leitura de mundo não preenchem os sentidos educacionais na contemporaneidade.
É, portanto, a partir desse espaço social chamado contemporaneidade que se estrutura o processo de escuta subjetiva dos educadores em questão, no intuito de compreender: O mal estar professoral através da escuta existencial como processo de subjetividade e suas implicações para o campo do ensino de Literatura na Educação do Campo.
Pensar a questão proposta significa considerar as barreiras sócio-educacionais necessárias para se entender os processos de construção da identidade do educador e os dilemas existenciais enfrentados pelos docentes com relação às condições de saúde, formação continuada, lazer e acesso aos bens simbólicos com vistas para o amplo favorecimento sustentável das questões que envolvem a relação pesquisa-teoria-prática, sendo, portanto, necessário perceber as bricolagens que envolvem a sociedade do espetáculo e o mercado de trabalho, cada vez mais competitivo, que exige mais conhecimento e domínio de técnicas e ferramentas que estão cada vez mais ligados aos saberes necessários à Educação do Futuro, para então promover o encontro e a troca de saberes e fazeres entre os diferentes territórios multiculturais que permeiam a Educação e a Realidade. (NÓVOA, 2001).
O foco principal destas considerações consiste na interpretação das ações de aprendizagens que concorrem sinergicamente para a ressignificação da realidade do profissional da educação, promovendo intercâmbios entre os Parâmetros da Educação Contextualizada pelas dimensões formativas e culturais, buscando melhorias para as condições objetivas de ensino-aprendizagem que contribuam para fazer com que o ensino básico no campo promova as transformações educacionais através da mudança no horizonte conceitual dos educadores.
Ao enfatizar isto, tem-se o propósito de documentar que a investigação atentou-se como campo de investigação, pela procura de sentido entre questões educativas que surgiam implicadas ao processo identitário do professor com vistas para a escuta de sua Práxis Existencial Como Processo de Subjetividade.
Diante disto, o desafio que se coloca é o de fazer as devidas ligações teórico-conceituais do evento a ser futuramente analisado e do seu contexto, com o campo educacional, tendo em vista a ampliação das questões que norteiam os dilemas internos e externos, referentes ao universo escolar pelas experiências metacognitivas do professor. Sob este aspecto é importante pensar essas experiências como experiências de aprendizagens que transformam o saber por abstração reflexiva, fortalecendo o repertório intelectual do sujeito histórico. (NÓVOA, 2001).
O exposto implica uma pergunta necessária: O que significa estudar os sentidos da educação contemporânea se é na escola que estão alocados quase todas as enfermidades porque passa a sociedade? As experiências de leitura de mundo acerca da Educação não podem se fechar nos conceitos do formal, informal, não-formal. Ao se ampliar esses contextos curriculares é possível perceber a relevância entre o que se concebe como espaço e a subjetividade que emana dele nas propostas de integração curricular, pois o que se considera silenciosamente como espaço de subjetividade é o elemento que amplia os procedimentos que alinham concepções e disposições físicas e arquitetônicas. (VIÑAO; ESCOLANO, 2001).
O espaço escolar tem de ser analisado como um constructo cultural que expressa e reflete, para além de sua materialidade determinados discursos. No quadro das modernas teorias da percepção, o espaço-escola é, além disso, um mediador cultural em relação à gênese e formação dos primeiros esquemas cognitivos e motores, ou seja, um elemento significativo do Currículo, uma fonte de experiências e aprendizagem. Mais ainda, a arquitetura escolar pode ser considerada, inclusive, como uma forma silenciosa de ensino. (VIÑAO; ESCOLANO, 2001.p. 121).
Nesse sentido, Edgar Morin vai propor que os erros mentais sejam também percebidos como erros intelectuais, pois tudo ou quase tudo deve proceder pelas incertezas históricas. Estas dão relevância as cegueiras do conhecimento e apresentam outras realidades simbólicas. (MORIN, 2001. p.19).
A relação das coisas com os espaços e, isto, relacionado com os problemas do ser humano em sua condição existencial, em si, já aparece como um processo de subjetivação e, portanto, de aprendizagens metacognitivas. O elemento arquitetônico, por exemplo, é um elemento partipante do processo educativo, e isto reflete no educador quando não consegue perceber esse contexto como um importante fator de subjetividade. Na afirmação de Guatarri:

O alcance dos espaços construídos vai então bem além de suas estruturas visíveis e funcionais são essencialmente máquinas, máquinas de sentido, de sensação, máquinas abstratas (...), máquinas portadoras de universos incorporais que não são, todavia, universais, mas que podem trabalhar tanto no sentido de um esmagamento uniformizador quando no de uma re-singularização libertadora da subjetividade individual e coletiva. (2000, p.158).

Tendo em vista que um dos aspectos que caracteriza a subjetividade é sua relação com o instituído, Certeau (1995) problematiza essa relação, ao afirmar que as instituições tem-se mostrado incapazes de abrigar grupos que se permitem certas singularidades. Segundo este autor, a ocupação e a expulsão dessas iniciativas para a marginalização atestam, enfim, “um apagamento histórico da diversidade no cotidiano, pois: Em si mesmas, as instituições obedecem ao duplo jogo: se sua fachada é de organismos públicos, o poder que nelas reside sufoca os que não se articulam de forma intelectual...”. (CERTEAU, 1995. p.25).
A partir destas delimitações e definições teóricas, formulou-se o problema central da proposta que  foi objeto de  investigação da realidade do professor pela escuta de suas práticas pedagógicas: Como é possível ordenar e classificar o mal estar professoral através da escuta existencial como processo de subjetividade e suas implicações para o território da Educação no Campo.
Com base neste problema se formulou outros questionamentos, chegando a refletir que papel tem o educador diante de políticas em educação que não conseguem cruzar as fronteiras do discurso educacional. É importante pensar na dimensão de uma esperança radical que force rupturas nunca antes alcançadas na dimensão educacional do Ensino de Literatura no Campo, desconstruindo assim a lógica de um lugar “fixo” para os processos “emancipatórios” da Modernidade e o lugar das “possibilidades” da Pós-modernidade. (GIROUX, 1999).
Ao articular essas categorias conceituais, pretende-se perceber as condições históricas das práticas pedagógicas pela noção que se espera ter do professor na sua condição existencial (humana) e intelectual fazendo um contraponto entre as representações e as subjetividades da existência de si proposta por Foucault quando se reporta ao estado de coisas que pode emergir das subjetividades de cada estudante ou docente nos processos que constituem a identidade destes diante do amplo processo no qual está inserida a condição humana no contexto escolar.
É neste sentido que se articulam os agenciamentos proposto por Deleuze (1998), quando amplia o conceito para um agenciamento precisamente multidisciplinar: “Um agenciamento qualquer comporta, necessariamente, linhas de segmentariedades de forma binária, dura, molecular e com diversos pontos de fuga ou de declive”. Deste modo, o conceito de agenciamento em Deleuze evidencia as implicações feitas por alguns recortes escolhidos entre vários outros possíveis nas falas dos estudantes e dos professores.
A presente pesquisa elabora para o objeto de estudo os referencias que analisam a produção da subjetividade a partir da práxis existencial. O conceito de Práxis aponta igualmente para a impossibilidade de se construir um discurso objetivo e/ou de uma verdade absoluta sobre qualquer objeto de estudo.
Porém a noção de práxis existencial, regulamentada nesse estudo, propõe-se a dar sustentação ao que Guatarri e Rolnik (1996), falam sobre a subjetividade ao se referirem às linhas de constituição e produção de determinados modos de existência, dentro da relação binária das micropolíticas e das macroplíticas para ressignificar as práticas pedagógicas pelo processo da escuta dos professores da Educação do Campo, e articulam-se também com os conceitos de estratégias de formação e de tática em Certeau (1994), para auxiliar no entendimento da relação desses professores com as diversas formas de engessamento impetradas pelas instituições que trabalham com Educação, bem como as formas desviantes que engendram discursos e contribuem com a produção da subjetividade. Assim, observa-se de que modo Certeau (1994) estabelece distinção entre estratégia e tática:

Chamo de estratégia o cálculo (ou a manipulação) das relações de forças que se torna possível a partir do momento em que um sujeito de querer e poder (uma empresa, um exército, uma cidade, uma instituição científica) pode ser isolado. [...] Chamo de tática a ação calculada que é determinada pela ausência de um próprio. Então nehuma delimitação de fora lhe fornece a condição de autonomia. A tática não tem por lugar senão o do outro. E por isso deve jogar com o terreno que lhe é imposto tal como o organiza a lei de uma força estranha. (CERTEAU, 1994. p. 99/100).

É necessário explicitar que não obstante, algumas categorias conceituais apresentam uma aparente dualidade (estratégia/tática, macro/micro), elas não expressam somente uma lógica binária. De modo que co-existe, nestas categorias conceituais, uma rede (teia) composta de significados plurais tecidos por linhas de agenciamentos. Nesta pluralidade de acontecimentos Deleuze (1998) reforça a importância desses agenciamentos como elementos extremamente importantes para o tecido da subjetividade, quando o recorte discursivo se colocar dentro do plano das singularidades.
O conceito de subjetividade em que se fundamenta esta proposta de estudo vem da formulação de Guattari e Rolnik(1996), quando se refere às linhas de produção de modos de existência. O conceito de subjetividade é relacionado aqui à noção de macro e micropolítica, por entender que:

Micro refere-se à dimensão do processo de constituição das formas da realidade: a realidade em vias de se instituir, se definir e se desmanchar (se desterritorializar) ao mesmo tempo. Enquanto macro refere-se à realidade em suas formas constituídas - aqui também, tanto no nível individual, quanto grupal ou coletivo. (ROLNIK apud LOBO, 2004. p. 08).

Assim, estende-se ser necessário estabelecer relação entre o conceito de subjetividade em Guattari (1996) e a noção de discurso e dispositivo em Foucault (2005), na medida em que, para este, não existem discursos naturalmente falsos ou verdadeiros, mas a produção histórica de um discurso como falso ou como verdadeiro. Para Foucault, o discurso “é um conjunto de enunciados que se apóia em um mesmo sistema de formação”. Nesse conjunto de enunciados, a verdade “está ligada a sistemas de poder que produzem e apóiam, como também a efeitos de poder que induz e que a reproduzem”. (FOUCAULT, 1979). Ainda em acordo com este autor, os discursos são práticas, pois eles instituem e legitimam, por meio da linguagem, determinados comportamentos, maneiras de existir, no tempo e no espaço.
Logo, ao ser analisado as práticas pedagógicas pelas práticas discursivas para querer entender o Ensino de Literatura pela Educação no Campo, pretende-se compreender e interpretar as formas constituídas (macro) e aquelas em via de constituição (micro), que determinam as condições de existência e subjetividade pelo docente. Desse modo, tal como Guattarri e Rolnik (1996), entende-se que a:

[...] produção de subjetividade constitui matéria-prima de toda e qualquer produção. [...] a subjetividade está em circulação nos conjuntos sociais de diferentes tamanhos: ela é essencialmente social, e assumida e vivida por indivíduos em suas existências particulares. O modo pelo qual os indivíduos vivem essa subjetividade oscila entre dois extremos: uma relação de alienação e opressão, na qual o indivíduo se submete à subjetividade tal como recebe, ou uma relação de expressão e de criação, na qual o indivíduo se reapropria dos componentes da subjetividade, produzindo um processo que eu chamaria de singularização. (GUATTARI; RONIK, 1996. P. 27/33).

Nessa perspectiva, acredita-se que a o trabalho com a escuta dos professores que ensinam Literatura na Educação do Campo produzirá elementos fundantes para se entender as práticas pedagógica e fazer com que possam ser ressignificadas em sua relação prática com a transformação da Educação como Prática da Liberdade, do Campo e para o Campo. A isto, Paulo Freire reforça como forma de se produzir autonomia:

O profissional deve ir ampliando os seus conhecimentos e métodos em torno do homem, de sua forma de estar sendo no mundo, substituindo por uma visão crítica a visão ingênua da realidade, deformadas pelos especialismos estreitos. Não é possível um compromisso verdadeiro com a realidade, e com os homens concretos que nela e com ela estão, se desta realidade e destes homens se tem uma consciência ingênua. Não é possível um compromisso autentico se, àquele que se julga comprometido, a realidade se apresenta como algo dado, estático e imutável. Se este olha e percebe a realidade enclausurada em departamentos estanques. Se não a vê não a capta como uma totalidade, cujas partes se encontram em permanente interação. Daí sua ação não pode incidir sobre as partes isoladas, pensando que assim transforma a realidade, mas sobre a totalidade. É transformando a totalidade que se transforma as partes e não o contrário. No primeiro caso, sua ação, estaria baseada numa visão ingênua, meramente ‘focalista’ da realidade, não poderia constituir um compromisso. (FREIRE, 1996. p.06).

Tornar compreensivo o desenvolvimento deste trabalho de pesquisa para fazê-lo se operacionalizar pelas ações curriculares significa pensá-lo de forma específico, tendo objetivos claros e congruentes, tais como: criar instrumentos metodológicos para acompanhamento e avaliação do impacto das políticas educacionais no espaço escolar; investigar a importância da formação continuada; verificar o desenvolvimento das aprendizagens; gerar ações sociais por meio da informação e mapear as condições econômicas, culturais, educacionais e de sociabilidade como ponto de partida para a implantação de ações sociais que envolva os professores e a comunidade; trabalhar a consciência sócio-educacional como forma de melhorar a ambiência cultural para as práticas de atividades complementares ligadas a Educação Formal. O resultado de todas essas ações é o que se configura como produção da matéria-prima deste trabalho de pesquisa: A Escuta da Práxis Existencial como Processo de Subjetividade.

Considerações Finais

Por sorte, surge de tempos em tempos quem coloque as coisas no devido lugar: críticos, amantes da arte, espíritos inquisitivos.”

 Charles Baudelaire
em O Pintor da Vida Moderna.

Diante dos desafios do ensino contextualizado e da necessidade de se repensar a Educação para o Campo e incentivar projetos ligados à formação de novos leitores nas escolas da zona rural, fez-se urgente pensar, pelo olhar de quem está diretamente ligado aos processos educacionais, respostas para os desafios do Ensino de Literatura como parte do processo que viria ampliar a importância dos estudos literários pelas ações curriculares. Na verdade, os saberes culturais andam na mesma direção proposta pelas ações curriculares e necessitam de mais projeção ao serem trabalhados no ambiente escolar como conteúdos que trazem relevância ao trabalho docente. Este Projeto de Pesquisa nasceu desse desafio. O objetivo era unir a produção dos alunos e perceber os sentidos empregados com o fim de ampliar horizontes e diminuir as fronteiras entre o Ensino de Literatura, o estudo curricular e as políticas culturais desenvolvidas em sala de aula através da importância dada pelo Currículo à leitura. Muitas perguntas surgiram no meio do caminho: O que os professores devem efetivamente ensinar? Que intervenções efetivas podem ser obtidas a partir da compreensão do desenvolvimento humano e dos processos de aprendizagem pela produção de sentidos propostos pela leitura?
Aqui se quer criticar muitas coisas, neste relato conclusivo, e tecer novas considerações para melhorar o Ensino de Literatura; a começar pelo investimento institucional e pelo compromisso de cada Educador  na empreitada pela qualidade da Educação oferecida para o Campo. O fato é que se atingiram os objetivos propostos pelo projeto em análise. Os resultados estão postos e seguem como reflexão aos desafios propostas para a Educação no século XXI. É preciso ser neste exato instante mais específico para com os Educadores envolvidos nesta empreitada ao repensar a própria formação na Contemporaneidade, levando em consideração as questões que dão relevância ao Ensino da Língua como uma abordagem interdisciplinar. Este fato é especialmente importante para que futuros Educadores considerem o que terá que ser levado em conta na formulação das novas práticas de ensino e organização curricular para formar alunos críticos que consigam perceber os desafios que lhes são propostos no ambiente que os operacionaliza fora dos muros da sala de aula.
Foi desafiador trabalhar os elementos da subjetividade pela escuta existencial, tanto dos professores quanto dos estudantes levando em consideração os fatores reais que dão sentido ao mundo formal em oposição às abordagens pragmáticas do Currículo Proximal. Como uma entre muitas formas, se pensou na cultura local como dispositivo político para incorporar novos pressupostos à Educação para o Campo pretendendo lançar algumas esperanças no plano das transformações regionais para o Ensino de Literatura, através da mudança na estrutura mental dos estudantes e dos professores, criando outros repertórios ideológicos para incorporar outras práticas de ensino pelas pesquisas desenvolvidas em sala de aula. Ficou aclarado que a Educação para o Campo possui vocação para conceber boas idéias em bons projetos de ensino, bastando para isso que o processo formativo seja visto de forma contextualizada.
A princípio foi urgente perceber a participação do referido quadro de docentes na elaboração de novas diretrizes de ações e reflexão, tendo como objeto de indagações às questões multiculturais e as novas formas de se produzir conhecimento, dentro e fora da sala de aula, postulando a aquisição de novas perspectivas para o Ensino da Língua Portuguesa tendo como resultado novos leitores. A participação da comunidade de estudantes e professores da referida escola na zona rural de Petrolina foi fundamental para a compreensão real dos fatores que intervêm nos resultados finais das aprendizagens significativas. O intuito previa analisar os vários saberes ligados às questões que se firmam nos processos de formação da cultura escolar pela leitura e compreender a que caminhos poderão levar os processos formativos na ausência de leitores. A tentativa pretendia reconhecer nos conteúdos literários a necessidade de se repensar a Formação Contextualizada como auxílio ao esforço de compreensão da realidade e seus elementos subjetivos.
Com este horizonte conceitual, a pesquisa que hora se encerra pretendeu compreender o universo dos estudantes e dos professores, quando se debruçarem sobre o universo da leitura e suas multireferencialidades, tendo como norte a importância da literatura para o contexto local, resguardada pela influência dominante do pensamento educacional moderno através dos serviços propostos pela Educação Formal como ferramenta de poder e de transformação social. Assim sendo, considerou-se da maior relevância a leitura em grupo, as entrevistas e a análise documental, tendo como norte a escuta existencial dos atores desse pensamento interdisciplinar e as novas abordagens da Educação para o Campo como elemento de contextualização e produção de novos sujeitos habilitados para a compreensão da realidade como prática da liberdade.
Diante do exposto, ficou estabelecido uma conexão prática-reflexiva que permeava as novas ações curriculares para o Ensino de Literatura, requerendo novas condições para as reflexões que se experenciavam através da participação dos estudantes, refletindo criticamente sobre as experiências de aprendizagem ao se debruçar sobre as vivencias literárias e a propagação da importância da leitura e a identificação com as relações que esta guarda com as subjetivações que se estendem aos sujeitos históricos pelo processo formativo do ensino contextualizado através do lugar social da escola como o mais importante ambiente de formação cultural.
Ciente de que a maioria dos professores precisava pensar sua própria formação, o projeto em análise procurou contribuir de forma significativa com a formação pedagógica dos Educadores, propiciando oportunidades para o debate das questões propostas à atividade docente, fundamentalmente no Ensino Básico, de forma a aproximar o Ensino das Línguas as propostas interdisciplinares, sendo este o grande ponto da reflexão: pensar novos leitores como atores que saibam se posicionar diante das questões que aparecem no cenário de cada contexto real.
Outro importante incentivo do referido projeto de pesquisa para os Educadores foi elaborar a produção de uma semana para se comemorar o Dia da Leitura com palestras, exposições, cinema e apresentações de manifestações ligadas à cultura literária. A proposta previa eventos marcados por apresentações culturais e exposições de trabalhos desenvolvidos pelos estudantes.
Enfim, a pesquisa se desenvolveu objetivando compreender os processos que caracterizam as ressignificações da representação dos Educadores em seu contexto de sala de aula pela ampliação dos diversos olhares práticos do Ensino de Literatura e pelo desenvolvimento das práticas educacionais como elementos transformadores da realidade escolar, tendo como parâmetro a habilitação e o pleno desenvolvimento das competências dos futuros leitores.
Muito embora certas habilidades para o exercício da leitura só cheguem a ser alcançadas, de fato, com as experiências de aprendizagens significativas, é evidente que a reflexão das práticas pedagógicas tem um papel decisivo na formação dos novos leitores. Este projeto de pesquisa se preocupou também com a discussão sobre novas linguagens e/ou novas tecnologias no Ensino das Línguas, de forma a preparar os estudantes para o uso dos múltiplos recursos pedagógicos.
É preciso salientar que nem sempre a maioria dos docentes estão sintonizados em compreender os deslocamentos que se dão pelas estratégias que se colocam nos caminhos do fazer pedagógico; é como se as ações pedagógicas e curriculares não necessitassem desses elementos para uma melhor identificação com o objeto do ensino como fator de transformação. Essas questões também eram levadas em muita consideração quando os pressupostos político-filosóficos da Educação para o Campo eram questionados em sala de aula pelos professores procurando os sentidos que o Ensino das Línguas possui para se alcançar quando questões outras surgem no ambiente escolar, como a falta de motivação, empenho e relevância social, dados como os principais motivos que os levam a pensar na desmotivação como algo que os desterritorializam para uma produção significativa do conhecimento no mundo real.
O contexto exigia uma atitude que ressignificasse o entusiasmo inicial, a dedicação e a confiança nos trabalhos desenvolvidos pela equipe pedagógica. Se por um lado é difícil pensar as questões que se pontuam pelos aspectos da Formação, por outro lado há quem queira refletir sobre esses aspectos que clamam por profissionais qualificados, atualizados e preparados para enfrentar a realidade e a diversidade cultural. Esse era o horizonte que se tinha, bem como o desafio a ser vencido: produzir atividades de leitura compartilhada para dar um norte qualitativo ao Ensino de Literatura para a Educação oferecida ao Campo.
Muito se fala, atualmente, sobre a nova sociedade que se estrutura para o século XXI e para os seguintes. Aqui assumimos o compromisso de discutir as questões que interessam às mudanças cruciais ocorridas nas últimas décadas, no território da Educação Básica do Campo, que trazem consigo a necessidade de repensarmos de forma profunda a estrutura de nossas instituições de ensino. Para isso, aborda-se imediatamente o que faz deste inicio de milênio um período tão singular: as simultâneas revoluções tecnológicas e o acesso massificado à informação.
Os primeiros passos dados nesta pesquisa pelos pesquisadores aconteceram pelas discussões que já estavam ocorrendo entre alguns professores insatisfeitos com questões que envolviam o ensino e os desdobramentos das políticas públicas para a Educação Rural como elemento de transposição didática para uma melhor configuração na Formação e para a Formação.
Essas questões eram pontuadas quando se refletia a Formação dos Professores e a Valorização do Magistério, buscando a melhoria da qualidade do ensino como um dos pontos centrais do Plano Nacional de Educação; era uma cobrança a longo prazo, mas refletia em sala de aula, pois os alunos entendem que a valorização do magistério só efetivamente acontecerá quando os atores sociais se doarem para alcançar as metas estabelecidas em cada nível de formação ou através das modalidades de ensino que ao serem pensados na teoria, reflita os anseios impostos pelas políticas globais de Educação. Essa valorização só pode ser obtida simultaneamente quando for pensada como Formação, que trabalha as condições necessárias tanto para a profissionalização quanto para a produção de uma carreira. Ou seja, trabalho, carreira e salário. É o grande desafio de qualquer docente; superar esse tripé para fortalecer sua estética existencial. Simultaneamente essas três condições aparecem nos anseios da classe professoral, bem como de toda a comunidade escolar. É uma lógica que é extraída pela prática pedagógica: refletir pelas ações do cotidiano.
Neste contexto, chegou-se a conclusão que era necessário criar ambientes de formação para ampliar os esforços e melhorar o Ensino das Línguas. A Lei 10.172 que rege o Plano Nacional de Educação enfatiza claramente essas questões: “(...) Esforços dos sistemas de ensino e, especificamente, das instituições formadoras em qualificar e formar professores têm se tornado pouco eficazes para produzir a melhoria da qualidade do ensino por meio de formação inicial porque muitos professores se deparam com uma realidade muitas vezes desanimadora. Ano após ano, grande número de professores abandona o magistério devido aos baixos salários e às condições de trabalho nas escolas. Formar mais e melhor os profissionais do magistério é apenas uma parte da tarefa. (...).
De fato muita coisa ainda ficou por ser feita, mas os encontros para discutir a realidade do Ensino de Literatura objetivaram compreender o universo professoral pela escuta da estética existencial no que diz respeito à transposição didática dos conteúdos adquiridos ao longo da Formação de cada Educador. Nisto materializaram-se os principais anseios dos educadores. Falta muito para se chegar à totalidade e a perfeição, mas também ficou claro que falta vontade política para estreitar laços e produzir outras práticas discursivas. A começar pelo lugar social da fala, que foi de extrema importância nesse projeto, pois se concretizou no lugar social dos acontecimentos, dando outros nortes às representações do Fazer Pedagógico.
Portanto, este projeto de pesquisa se encerra reconhecendo as frustrações dos docentes, porém realçando esperanças, pois alcançou os objetivos propostos ao reconhecer a importância da diversidade de lócus da formação de professores no Território de Desenvolvimento da Educação do Campo como uma advertência singular que reconhece a totalidade de problemas enfrentados pelos Educadores e sua diversidade de olhares como solução transitória, com tempo definido e validade institucional, visto que a Educação para o Campo não pode ser pensada na ausência de quem ensina. É preciso que o poder constituído nesta Nação lance outro olhar para as cidades do interior onde estão lotadas as escolas rurais e instale outras proposições para a Formação nas séries presenciais, pois do contrário muito do que se configura como educação para a convivência com a realidade rural nas escolas do campo irá fechar suas portas por não terem nenhuma condição de trabalho digno, e aqui se coloca a crítica de que os recursos destinados para a Formação Continuada para a Educação do Campo são ainda muito escassos e quase nunca se efetivam de forma clara, mas a Formação com Prática da Liberdade, se configurando como uma eterna luta institucional.


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