domingo, 5 de maio de 2013

A Redenção do Instante Com Deus


 
 
Núcleo de Estudos Foucaultiano© Gênesis Naum de Farias
Poeta Bruxuesco® - Prof.º da Universidade Estadual do Piauí – UESPI. São Raimundo Nonato/PI/Brasil.


 
Hoje acordei de um sonho que me colocou frente a frente com os reais sentidos da transformação. Era a idéia de um desfecho sonolento que aos poucos ia se refazendo em lembranças de um período vivido, cheio de grandes afirmações e projetos. Era a própria vida que transcorria em imagens nem sempre levada a sério pelo que se queria. Afinal, Deus havia sido esquecido, ficando apenas na concepção da forma sem nunca ser lembrado como criação. O amor é a criação de tudo. A forma é o resultado de toda criação. Ficar somente no estágio da forma é simplesmente sentir que a criação deu lugar apenas aos meandros de uma estética disforme, vazia, sem projetos, sem sonhos, sem desfecho, sem pureza, sem acordos de perdão.

O homem quase sempre vive preso ao som funéreo que a modernidade lhe impõe como parte de um delírio gutural que ao fechar-se em si, nos processos de individualização, deixa de perceber a grandeza manifestada pela motivação que nasce própria de um aceno de comunhão que só pode vir de Deus. Abandonar-se sem Deus é o mesmo que definhar por entre mundos de subjetividade que quase sempre só leva os indivíduos ao abandono de pessoas queridas, ao abandono de coisas idealizadas e projetos espirituais que por si só deixam de refletir a motivação que nos é própria, quando se busca na espiritualidade ou por meio dela, as grandes conquistas que se deixaram perdidas em algum canto da existência.

Ao tentar dormir, pensando em tudo que perdi, acordei lembrando que o outro (individuo) nunca quer somente matéria, nem quando a mesma se torna coisa ou se coisifica, porém o que se quer é o que de melhor o outro tem; ou seja, o brilho, o encanto, a motivação, as palavras de conforto e todo o brilho poético de algo que ficou para trás porque fora deixado de lado na ânsia de se encontrar com o nada de tudo. Agora era perceptível que as perdas se davam por entre aquelas reflexões. Foi impactante pensar que o melhor de tudo fora esquecido em função de um orgulho sem sentido que não me levou a lugar nenhum.

Voltar-se aos princípios da criação era o que de mais importante se poderia fazer a partir daquele instante. Nada mudaria no outro, mas no si de cada um quando em estado de maturidade, tudo e todos se colocariam no seu devido lugar. Era hora de voltar a Deus com a mesma comunhão dos primeiros instantes para reformular anseios e projetos perdidos, quando o mais importante já havia se perdido, o amor pela vida e o amor pelas coisas mais simples e importantes que a vida podia oferecer. Tudo estava por se ressignificar no limbo das existências.

Era hora de começar de novo a ser grande, influente, motivador, e em comunhão, traçar novos planos para este futuro incerto, pois de incertezas já se tinha vivido metade da própria vida. É hora de se conjugar outros planos. O amor que se perdeu se perdeu: as coisas que se perderam no curso da história precisavam ser novamente conquistadas. Os anseios de mudanças, a poesia de outros tempos, a alegria de outras conquistas, o amor e sua criação mais fluente, o brilho e seu apogeu mais tardio. Era hora de viver novamente tudo com a mesma alegria de outros tempos.

Porém ao acordar envolto em tantas lembranças percebi que poderia mudar e, mudar para se melhorar. Primeiro, era preciso viver em comunhão sem tantas ausências, sem tantas atribulações, sem tantas preocupações com o presente. O Segundo passo seria viver e voltar à comunhão com o Deus da transfiguração que é a própria criação, para depois seguir o curso da própria história sem titubear em tristezas tão sem sentidos. Era chegado o momento de voltar-se aos pensamentos grandiosos, cheios de poesia, sem se deixar levar por ideias estáticas e vazias. Era hora de replanejar o próprio mundo que renascia vivo, e por meio da comunhão, voltar a acreditar que somos indivíduos plenos de nossas insanidades, mas se recheados por dentro, pela espiritualidade que vem dos céus, a vida poderia ser mais digna de se viver no arrebol de cada cotidiano.

No final desta reflexão, já acordado e plenamente consciente dos pensamentos que burilavam minha alma, me conscientizei de que era preciso se fortalecer na fé de que os outros indivíduos não querem nossas tristezas nem nossos pesadelos, antes eles querem o que de melhor podemos lhes oferecer em grandes instantes de alegria e convicção. A convicção de que tudo que nos é mais importante cativa o outro para nos aceitar como realmente somos. Não há mais lugar para tristezas sem sentido, nem para interpolações sem grandezas.

A poesia habita aí neste lugar de sossego, se colocando no mundo pela perfeição que exaltamos ao exalarmos o que de melhor Deus nos fez ver nas ações do cotidiano. Que destas reflexões renasça o Poeta que ficou esquecido no passado, para daí fazer-se reconciliado com a própria vida, já agora cheia de encantos e pronta para entender que Deus hoje fez morado em seu coração.

O tempo da mudança e da esperança ressurgiu. É hora de reconfigurar os pedaços que ficaram das coisas que do passado serviram para obstruir os projetos maiores que a vida tem a nos oferecer. Por isto, neste dia de grandes descobertas é preciso reviver grandes projetos para dar lugar aos anseios de Deus em nossas vidas. Fiquem todos na santa luz que brilha a partir deste novo dia que nasce com os primeiros raios do sol. Que este dia floresça no coração de quem vos escreve e para quem vos escreve. Fiquemos em paz e que esta mesma paz ilumine os nossos dias...
 

Petrolina, Pernambuco. 25 de Abril de 2013.

 

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