Núcleo de Estudos Foucaultiano© Gênesis Naum de Farias
Poeta Bruxuesco® -
Prof.º da Universidade Estadual do Piauí – UESPI. São Raimundo Nonato/PI/Brasil.
Hoje acordei
de um sonho que me colocou frente a frente com os reais sentidos da
transformação. Era a idéia de um desfecho sonolento que aos poucos ia se
refazendo em lembranças de um período vivido, cheio de grandes afirmações e
projetos. Era a própria vida que transcorria em imagens nem sempre levada a
sério pelo que se queria. Afinal, Deus havia sido esquecido, ficando apenas na
concepção da forma sem nunca ser lembrado como criação. O amor é a criação de
tudo. A forma é o resultado de toda criação. Ficar somente no estágio da forma
é simplesmente sentir que a criação deu lugar apenas aos meandros de uma
estética disforme, vazia, sem projetos, sem sonhos, sem desfecho, sem pureza,
sem acordos de perdão.
O homem quase
sempre vive preso ao som funéreo que a modernidade lhe impõe como parte de um
delírio gutural que ao fechar-se em si, nos processos de individualização,
deixa de perceber a grandeza manifestada pela motivação que nasce própria de um
aceno de comunhão que só pode vir de Deus. Abandonar-se sem Deus é o mesmo que
definhar por entre mundos de subjetividade que quase sempre só leva os
indivíduos ao abandono de pessoas queridas, ao abandono de coisas idealizadas e
projetos espirituais que por si só deixam de refletir a motivação que nos é
própria, quando se busca na espiritualidade ou por meio dela, as grandes
conquistas que se deixaram perdidas em algum canto da existência.
Ao tentar
dormir, pensando em tudo que perdi, acordei lembrando que o outro (individuo)
nunca quer somente matéria, nem quando a mesma se torna coisa ou se coisifica, porém o que se quer é o que
de melhor o outro tem; ou seja, o brilho, o encanto, a motivação, as palavras
de conforto e todo o brilho poético de algo que ficou para trás porque fora
deixado de lado na ânsia de se encontrar com o nada de tudo. Agora era
perceptível que as perdas se davam por entre aquelas reflexões. Foi impactante
pensar que o melhor de tudo fora esquecido em função de um orgulho sem sentido
que não me levou a lugar nenhum.
Voltar-se aos
princípios da criação era o que de mais importante se poderia fazer a partir
daquele instante. Nada mudaria no outro, mas no si de cada um quando em estado
de maturidade, tudo e todos se colocariam no seu devido lugar. Era hora de
voltar a Deus com a mesma comunhão dos primeiros instantes para reformular
anseios e projetos perdidos, quando o mais importante já havia se perdido, o
amor pela vida e o amor pelas coisas mais simples e importantes que a vida
podia oferecer. Tudo estava por se ressignificar no limbo das existências.
Era hora de
começar de novo a ser grande, influente, motivador, e em comunhão, traçar novos
planos para este futuro incerto, pois de incertezas já se tinha vivido metade
da própria vida. É hora de se conjugar outros planos. O amor que se perdeu se
perdeu: as coisas que se perderam no curso da história precisavam ser novamente
conquistadas. Os anseios de mudanças, a poesia de outros tempos, a alegria de
outras conquistas, o amor e sua criação mais fluente, o brilho e seu apogeu
mais tardio. Era hora de viver novamente tudo com a mesma alegria de outros
tempos.
Porém ao
acordar envolto em tantas lembranças percebi que poderia mudar e, mudar para se
melhorar. Primeiro, era preciso viver em comunhão sem tantas ausências, sem
tantas atribulações, sem tantas preocupações com o presente. O Segundo passo
seria viver e voltar à comunhão com o Deus da transfiguração que é a própria
criação, para depois seguir o curso da própria história sem titubear em
tristezas tão sem sentidos. Era chegado o momento de voltar-se aos pensamentos
grandiosos, cheios de poesia, sem se deixar levar por ideias estáticas e
vazias. Era hora de replanejar o próprio mundo que renascia vivo, e por meio da
comunhão, voltar a acreditar que somos indivíduos plenos de nossas insanidades,
mas se recheados por dentro, pela espiritualidade que vem dos céus, a vida
poderia ser mais digna de se viver no arrebol de cada cotidiano.
No final desta
reflexão, já acordado e plenamente consciente dos pensamentos que burilavam
minha alma, me conscientizei de que era preciso se fortalecer na fé de que os
outros indivíduos não querem nossas tristezas nem nossos pesadelos, antes eles
querem o que de melhor podemos lhes oferecer em grandes instantes de alegria e
convicção. A convicção de que tudo que nos é mais importante cativa o outro
para nos aceitar como realmente somos. Não há mais lugar para tristezas sem
sentido, nem para interpolações sem grandezas.
A poesia
habita aí neste lugar de sossego, se colocando no mundo pela perfeição que
exaltamos ao exalarmos o que de melhor Deus nos fez ver nas ações do cotidiano.
Que destas reflexões renasça o Poeta que ficou esquecido no passado, para daí
fazer-se reconciliado com a própria vida, já agora cheia de encantos e pronta
para entender que Deus hoje fez morado em seu coração.
O tempo da
mudança e da esperança ressurgiu. É hora de reconfigurar os pedaços que ficaram
das coisas que do passado serviram para obstruir os projetos maiores que a vida
tem a nos oferecer. Por isto, neste dia de grandes descobertas é preciso
reviver grandes projetos para dar lugar aos anseios de Deus em nossas vidas.
Fiquem todos na santa luz que brilha a partir deste novo dia que nasce com os
primeiros raios do sol. Que este dia floresça no coração de quem vos escreve e
para quem vos escreve. Fiquemos em paz e que esta mesma paz ilumine os nossos
dias...
Petrolina, Pernambuco. 25 de Abril de 2013.
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