Gênesis Naum de
Farias/Poeta Bruxulesco e Professor
Universidade Federal do
Vale do São Francisco – UNIVASF.
e-mail: genesisnaumfarias@gmail.com
O Budismo é uma filosofia de vida que está intimamente ligado aos problemas do dia-a-dia, por isso o caminho ascético fulgura uma presente nova vida ─; longe dos grandes debates e dos enfadonhos dilemas existênciais, o silêncio, a oração, o jejum e a meditação tornam suportáveis a realidade. Por isso, muitos destes homens de fé são autorizados pelo silêncio a se refugiarem na torre de si mesmos para fugirem da mediocridade torpe do mundo. No silêncio da meditação, trabalham o espírito numa tentativa de comunicação com o Cosmo buscando comunhão. O Cristianismo é outra forma de religiosidade que prega que quem caminha na vida não anda sozinho, basta viver em comunhão. E comunhão é tudo.
Dizem os antigos que os místicos falam com Deus
sem precisar de interceptores, chegando a ouvi-lo dentro de si. É importante
frisar este fenômeno para demarcar a caminhada espiritual. Os confessos
eremitas do deserto se prestam a um serviço solitário para a humanidade porque
oram pela paz no mundo, no arduo caminho de suas atribulações. Como querem os
velhos sábios, a vida é uma eterna descoberta de si e, já não há tendências
filosóficas que não demarquem seus territórios na construção da vida que segue
sua atribulada manutenção de sobrevivência. A mesma tem se mostrado clara
quando seus descaminhos franqueiam interesses, compensações, depurações e
incertezas.
Do exposto, fica a breve certeza de que a mudança
interior tem que começar em cada ser humano. Ou seja, é preciso aprimorar-se
por dentro para alcançar os resultados de que o mundo precisa. Dito isto, tudo
fica mais explícito quando se pensa nas escolhas que provocam a existência a
mudar a realidade de todos. É preciso fundir esses aprimoramentos para efetuar
avanços significativos na doce e mágica verdade da vida; que traz o trágico e o
belo como elementos paradoxais.
Já dizia o Poeta Pernambucano Manoel Bandeira:
estou cansado de lirismos comedidos. O que queria era o lirísmo dos bêbados e
toda a poesia circunstancial do improvável, do impagável e das coisas feitas de
silêncio e luz. É de se esperar dos homens que aumejem: o silêncio dos sábios,
a certeza das coisas vãs, a liberdade dos loucos, a beleza dos céus, a caridade
dos homens, a humanidade dos incultos, a grandeza dos fracos.
O grande Poeta Francês Charles Baudelaire dizia em
versos que o homem devia ser maior que as circunstancias. Por isso, da
realidade e suas tragédias, se deve apenas colher o que ela tem de mais
aparente, pois já não há como fugir dela e de seus efeitos. A clausura e o
isolamento que emana dos problemas da própria realidade tem se tornado dona de
muitas crises pelo mundo a fora, passando a se pensar que a ordem dos discursos
por ela elucidados é implacável com os que falam e vivem uma verdade ou a
publicam nos jornais.
Enfim, toda verdade é fruto de muitas inverdades
e, para os homens sinceros, suas reais individualidades já não podem mentir
para si mesmos. No fundo a humanidade não dá crédito às suas próprias verdades como
metanarrativas prontas porque continua cada vez mais apodrecida, infiel,
imprudente, intolerante, carrasca, escravagista, doente, feia, perversa e
incoerente. É sempre bom lembrar as palavras do filósofo Francês Jean Paul
Sartre quando se efetuar perguntas à efêmera realidade em seus territórios de
desumanidade: “o essencial não é o que foi feito do homem, mas o que ele faz
daquilo que fizeram dele”.
Para entender a força que tem o silêncio na
evolução dos seres humanos como elemento de virtude e sabedoria, é sempre bom
recordar o que o filósofo Plutarco deixou para a posteridade: “ A palavra
expõe-nos, como nos ensina o divino Platão, aos mais pesados castigos que
deuses e homens podem infligir. Mas o silêncio jamais tem contas a dar. Não só
causa sede como confere um traço de nobreza”.
Há um ditado Chinês que diz; “Quando as tropas
inimigas invadem, os generais combatentes resistem. Quando chegam às águas, a
terra as contém...”. Portanto, é imperativo que todos desenvolvam o ato da
bondade e da humildade, porque ninguém está isento da lei universal do Carma e
da Casualidade.
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