Boletim Informativo do Núcleo de Estudos Foucaultiano. Ano 9 – Nº 0006. Maio/ 2021 – São Raimundo Nonato.
Ensaio.
FARIAS, Gênesis Num de; FARIAS, Enos André de. (Org.s). "Educação, Socidade e Contemporaneidade: Os novos rumos da Educação para o século XXI". In: Ensaios de Pesquisa em Educação. – Paulo Afonso/BA: Oxente, 2021. Prefácio do Livro.
Gênesis Naum de Farias.
Professor Auxiliar II do Curso de Licenciatura Plena em Pedagogia na Universidade Estadual do Piauí – UESPI/ Coordenador do Núcleo de Estudos Foucaultiano.
Enos André de Farias.
Mestre em Educação, Cultura e Territórios Semiáridos./ Doutorando em Educação pela Universidade do Estado da Bahia – UNEB/DCH III.
Muito se fala atualmente, sobre a nova
sociedade que se estrutura para o século XXI e para os séculos seguintes. Aqui
se assume o compromisso de discutir as questões que interessam às mudanças
cruciais ocorridas nas últimas décadas no território da Educação Básica, que
trazem consigo a necessidade de se repensar de forma profunda a estrutura das
inúmeras instituições de ensino. Para isso, abordar-se-á imediatamente o que
faz deste início de milênio um período tão singular: as simultâneas revoluções
tecnológicas e o acesso massificado à informação. A seguir, serão analisados os
efeitos desses fatores nas instituições de ensino.
Primeiro, torna-se
importante pensar quem são os atores que compõe o cenário da Educação no
Brasil, que papel exerce nos ditames dessa educação quando os interesses
nacionais são colocados e confrontados com o cenário internacional. O Brasil
possui um lugar de destaque como componente do BRIC (Brasil, Rússia, Índia,
China e África do Sul), oscilando entre a 9º e a 6ª economia mundial,
enfrentando o desafio de avançar internamente sob uma situação real que já
dispõe de dados colocados por pesquisas, relacionadas ao ensino e pesquisa como
atividades que reconhecem na qualidade a necessidade de avançar com relevância
significativa.
É provável o reconhecimento em torno do
esforço de avançar pela reestruturação, expansão e consolidação dos Institutos
de Ensino, das Universidades, das políticas de formação continuada para a
Educação Básica, repensando salário, carreira e promoção docente, porém as
reações práticas a esses avanços na realidade sócio-política dos ambientes
educacionais têm demonstrado objetivamente que Educação não é a prioridade
significativa para o país. Que futuro se pretende como identidade de Nação, um
país que trata com descaso e atitude descompromissada a situação da sua
Educação? “[...] Seremos no futuro um país miserável com uma economia
caminhando para despontar na lista dos primeiros mundos, porém donos de uma
nação listada por semianalfabetos que afirma numericamente que avançou, criou
possibilidades de aumento no número de vagas abertas para qualificar discentes
através de números que não condizem com a realidade qualitativa de um forte
compromisso com o futuro. Esse contexto resvala na questão de quem faz
diretamente os procedimentos técnicos para se financiar e gerir as políticas públicas
de Educação.”. (Manifesto dos Educadores da UNIVASF em prol de políticas de
Educação de Qualidade, 2011).
No geral o que se percebe publicamente é
a ingerência de economista supervalorizando e quantificando dados, políticos
definindo as metas de projeção e os educadores sendo deixados de lado quando o
assunto é pensar valores para melhorar o cotidiano nas escolas através de
políticas de inclusão e qualificação. Lacan enfatiza: “[...] Só é
ensino verdadeiro aquele que consegue despertar uma insistência naqueles que
escutam, este desejo de saber que só pode surgir quando eles próprios tomarem a
medida da ignorância como tal – naquilo em que ela é, como tal, fecunda – e
isto também vale para aquele que ensina.”. (1985, p. 260). Portanto, falar
de Educação é basicamente trabalhar com o conhecimento.
O homem moderno vive numa época em que a
produção do conhecimento tornou-se crucial para o desenvolvimento econômico e
social. Conceitos como sociedade do conhecimento, economia do conhecimento,
gestão do conhecimento e sociedade aprendente são amplamente utilizados para
caracterizar a sociedade do século XXI como uma sociedade relativa à
informação. Contudo, a educação nacional está em crise porque não se preocupa
com as prioridades que servem para elevar a autoestima e ampliar as
aprendizagens a um patamar que dê formação e conhecimento suficiente a toda a
população para enfrentar as dificuldades oriundas da inserção dos novos saberes
em uma globalidade de acontecimentos que atende pelas novas tecnologias inserida
no mundo real.
Os indivíduos necessitam de informações
para poder sobreviver num mundo gerenciado por tecnologias que a cada novo dia
se renova, se aperfeiçoa. Então, como se podem formar homens para enfrentar
esse novo padrão de vida? Desde a Revolução Industrial, na Inglaterra, que o
ser humano passou a disputar com máquinas um lugar no mercado de trabalho. Esse
mesmo homem está inserido na chamada era da revolução tecnológica, onde a
máquina se modernizou, foi aperfeiçoada e começa assumir o lugar de milhares de
homens no mercado produtivo. Com isso, os conceitos de educação tiveram que
mudar.
Dilemas são enfrentados todos os dias no
ambiente das salas de aula e, um dos mais complexos é o fato do educador muitas
vezes não dominar uma prática discursiva coerente com seus anseios políticos,
que lhe dê motivação para enfrentar problemas básicos como: pouca familiaridade
com o ambiente escolar; falta de prática pedagógica e contato insuficiente com
as diversas modalidades de ensino. O processo educativo só se transforma em
prática consciente quando o educador reflete sobre suas concepções e é capaz de
justificá-las para a comunidade em que está inserido.
Um dos grandes obstáculos para que se
alcance esse objetivo são tornar claro para todos os educadores quais são os
pressupostos epistemológicos em que se fundamentam suas crenças a respeito da
educação. No entanto, há um perfil que vem sendo anunciado para o educador do
futuro que atende pelas premissas do projeto de ressignificação e ampliação do
papel do educador na educação básica. Essa discrepância entre o discurso e a
prática demonstra que nem todas as ações operacionalizadas no ambiente escolar
são frutos de uma posição política fundada em parâmetros críticos.
É preciso superar essa prática comum que
impera em muitas instituições de ensino. O fato é que muitas vezes o discurso
oficial só cobra o compromisso de quem educa ou está na função de educador,
fazendo dos paradigmas emergentes, que envolvem esses educadores, os maiores
responsáveis pela não transformação do contexto real da sala de aula, porém é
preciso atentar-se ao preceito que diz que quando um esquema cognitivo torna-se
inadequado para dar sentido ao mundo, ele é substituído por outro.
Portanto o novo perfil pensado para o
educador do milênio atende por alguns enunciados técnicos que perfazem a lógica
cultural da Educação pelo educador. São eles: a) boa formação: buscar
permanentemente a qualificação; b) uso das novas tecnologias: utilizá-las como
recurso a favor dos conteúdos; c) utilizar-se das novas didáticas: buscando um
jeito novo de ensinar cada componente curricular; d) trabalhar em equipe e
trocar ideias; e) planejar e avaliar sempre observando as reorientações do
trabalho pedagógico); f) postura profissional: voltada para o protagonismo
social. Esse é o paradigma do professor pesquisador que se atem as habilidades
e competências e as colocam a serviço da lógica educativa como um elemento de
profissionalização dos saberes no ofício docente. (MARTINS; MOÇO, 2010).
Essa tendência lança as bases
econômicas-pedagógicas para uma renovação produtiva que não se atém a repetir
as concepções analíticas e tecnicistas dos anos 70 e 80, mas quer traçar outros
cenários para a própria formação da Educação Básica. O estudo das competências
fez de Philippe Perrenoud, o autor, nessa área, mais lido por parte dos
indicadores nacionais. Para ele, a noção de competência se equipara a
capacidade de utilizar saberes para agir em diversas situações, onde, desde o
nascimento, os sujeitos trazem em si
alguns processos de maturação como elementos que serão desenvolvidos em forma
de aprendizagens ao longo das fases da vida, e que são preparadas para
adaptarem-se às diferentes situações que a própria vida os permitir.
Ainda na década de 1970, uma nova
pedagogia tornou-se realidade no Brasil: A Educação Tecnicista. Essa nova
tendência pedagógica tinha como objetivo formar os estudantes brasileiros para
o trabalho nas indústrias e no comércio. Escolas Técnicas foram criadas, uma
nova proposta pedagógica foi inserida e o antigo segundo grau foi dividido em
estudos gerais, para formar estudantes que enfrentariam o vestibular e cursos
profissionalizantes, a exemplo de técnico em contabilidade e agronomia, para
aqueles que enfrentariam o mercado de trabalho. Essa tendência no Brasil, com o
fim de regime militar, também foi extinta, pois o retorno da democracia e o
avanço cada vez maior das tecnologias requeriam alunos preparados
psicologicamente e didaticamente para viver em sociedade e para o mercado de
trabalho, permitindo a participação efetiva em três esferas: o setor produtivo,
a sociedade civil e os processos políticos.
Nisto, é importante lembrar que o
discurso emancipatório da Modernidade se baseia na apropriação conceitual de
dois pilares: a) a vigência da sociedade do trabalho; b) a justificativa da
existência do ser social como um sujeito consciente de sua individualidade, mas
que não se priva do convívio em sociedade. Por isso esse projeto de
emancipação humana fracassou, por se concentrar apenas no processo técnico,
tendo como resultado final a degradação social. As novas competências, lançadas
pelos teóricos para enfrentarem a situação exposta, exige da sociedade do
conhecimento, mais informação e constante aprimoramento.
A partir de 1996, com a aprovação da Lei
Nº 9.394/96, a conhecida Lei de Diretrizes da Educação Nacional, novas mudanças
foram inseridas no contexto educacional brasileiro. E, precisamente, o que
nesses tempos se modificou foi a definição da ideia de localidade no mundo, que
na contemporaneidade não é mais a noção de que fisicamente se pertence a um
país mas à ideia do trabalho em torno do qual se processa a informação
acessível a todos que modificou e tomou outros contornos dando uma nova cara às
alteridades que compõem o cenário político do trabalho manual pelo intelectual.
Essa é a melhor definição do capital cultural processando informação para definir
o global pelo capital social.
Para que o cidadão possa assumir o papel
de ator nesse novo patamar social, o desenvolvimento das competências se dá
pela compreensão de valores sociais e morais oriundos do processo de
socialização, num mundo cada dia mais competitivo, perverso e extremamente
estressante, envolto numa combinação política e cultural que o leva a
diferentes situações. O conhecimento, nesse mundo de múltiplas informações,
tornou-se importante para a adaptação da espécie, mas somente o conhecimento
técnico não pode mudar suas vidas. É preciso moldar os conhecimentos com novas
aprendizagens, preparando a todos para enfrentarem diferentes situações, sendo
aluno e professor na escola da vida. Para tanto, é preciso formar professores
para a docência que, consequentemente, deem contornos distintos a identidade
profissional e as práticas desafiadoras dos professores, ampliando o desenho
dos projetos que desejam formar para si e para o mundo, através da educação.
Primeiro, há um projeto a ser modificado
que passa pela concepção de homem que se quer permanentemente ser pensado e
depois pelo projeto de escola que forma para as aprendizagens significativas,
quer seja, pela formação do pensamento intelectual ou das práticas discursivas,
que o futuro educador processa já agora, se contrapondo a formação bancária do
ensino na zona rural ou urbana. Através do profícuo entendimento da interação
entre as fronteiras do discurso educacional, o educador passa a compreender as
práticas discursivas que se alinham pelos saberes pedagógicos, pelos saberes
políticos, pelos saberes culturais, pelos saberes transversais
(interdisciplinares) que trazem relevância social à prática do educador quando
este faz de sua representação o elemento intelectual que promove novos agentes
culturais para multiplicarem os processos de enfrentamento à cultura dominante.
Para tanto, é preciso pensar a
prática docente como uma prática reflexiva que dê ao educador capacidade de
perceber o seu ofício de professor com a percepção da profissionalização,
dando-o como acesso ao status da profissão, a propriedade
laboral, política e social. O próprio Perrenoud (2002) levanta essa questão e a
amplia para focar a profissionalização como um dos elementos principais para se
alcançar a razão pedagógica.
E, para ampliar o referencial do
contexto exposto, faz-se necessário pensar nas questões que Henry Giroux
problematizou para o lugar social do educador pelo trabalho intelectual através
do esforço de compreensão da formação do formador de opinião: Quais são
as variantes morais segundo as quais construiremos a nós mesmos como agentes
sociais de mudança? De que maneira podemos nos reposicionar
enquanto educadores contra a cultura dominante a fim de reconstituir nossas
próprias identidades e experiências e aquelas de nossos estudantes? Como
podem os educadores construir um projeto pedagógico que legitime uma forma
crítica de prática intelectual? (2002,
p. 124).
Diante do exposto, é notório pensar no
contexto educacional da sala de aula como um espaço interdisciplinar onde se
aprende assuntos de relevância social capazes de criar novas perspectivas para
os efeitos práticos da dominância cultural pela ideologia vigente. Por isso
faz-se importante perceber que com a evolução tecnológica e a popularização do
computador, bem como da internet, o ser humano passou a ter um novo
espaço para buscar o conhecimento. Nesses espaços multiculturais conhecidos
como ambientes virtuais de aprendizagem
se aprendem desde técnicas militares a operacionalidade de uma bolsa de valores.
Aprendem-se as leis da química e da física sem a necessidade de ir a um
laboratório. Com efeito, a escola passou a ser coadjuvante no ato de educar,
deixou de ser o cenário principal e o professor muitas vezes mal-informado, sem
vínculo com outros meios de comunicação, deixou de ser guardião do
conhecimento, passando a condição de “parceiro” nesta incansável busca. Se a
escola não mais é o cenário único de aprendizagem, então para que existe escola
ainda? Porque não se extingue as escolas e passam a formar em seu lugar centros
de informática onde o aluno se conecta nas redes sociais, faz a leitura dos
assuntos, faz exercícios e vai jogar bola?
A ideia não é ruim, nem nova. Muitos
autores já escreveram sobre o assunto, porém não se pode esquecer que o objetivo
da educação é formar o homem para a vida em sociedade e para o trabalho. Nisto,
a escola torna-se com seu projeto pedagógico, esse lugar socializador onde
alunos, professores e comunidade, interagindo, produzem cidadãos preparados
para a vida social, seja qual for a sua realidade. Esse papel é tão importante
quanto aprender ou ensinar a geografia física do Brasil.
Um dos maiores desafios da educação
nesse milênio é ensinar os alunos a apreender conteúdos, formar suas convicções
e esboçar soluções, pois este será o dilema maior que enfrentarão fora dos
muros da escola e da Universidade. Outro desafio preponderante que se coloca
para melhorar o ensino quer seja na zona urbana quer seja na zona rural é
pensar nas três principais perspectivas para se alcançar o ensino de qualidade:
pensar no inchaço do currículo, pensar na profissionalização que atente
ao estatuto da profissão, pensar no domínio técnico.
Mas para se conceber uma escola no campo
ou na zona urbana que ensine para a vida, é necessário que se tenha professores
reflexivos, que tenham conhecimento do seu papel social, que queiram
redescobrir a cultura de cada um no seu lugar de origem. É preciso também ter
uma educação de qualidade que torne seus profissionais reconhecidos e
valorizados, senão se produzirá pessoas desiludidas, ensinado às pessoas
desacreditadas, vivendo um eterno mal-estar cotidiano. Este modelo de educação
muda a percepção de profissionalização do professor, dando a ele o acesso
ao status da profissão. A pesquisadora Maria Alice Setubal
afirma que “a qualidade da educação é proporcional à qualificação dos
professores”. (2011, p. 34).
A própria Setubal denuncia a ingerência
de muitos economistas no território político da educação e aponta outro
problema: “[...] na maioria dos casos, as análises ficam restritas aos
números e não foca a sala de aula. Por isso, acho ser preciso colocar os
educadores em pé de igualdade com os economistas. Não se trata de uma
competição para definir quem sabe mais, nem mesmo de uma abordagem quantitativa
versus outra qualitativa. A contribuição dos professores é o olhar que incide
no pedagógico. [...] Uma mobilização para resgatar o valor simbólico da
profissão. Hoje, as pessoas praticamente pedem desculpas ao dizer que lecionam.
Precisamos aproveitar esse momento em que é crescente a percepção da sociedade
sobre a relevância da educação. [...] Não podemos esquecer o professor e o
estudante. Não faz sentido só olhar para aspectos mais periféricos, como a
gestão, e achar que tudo será resolvido.”. (2011, p. 36).
Assim, o contexto das competências está
relacionado ao “saber fazer” e a busca por novas metodologias e novas formas de
ensinar ao resgatar os valores culturais de cada aluno, de cada
comunidade. Ao ensinamento voltado para a exemplificação e, sem dúvida a
ânsia pelo novo, porque o educador precisa estar aberto diariamente para novas
aprendizagens. Só assim poderá ser capaz de ensinar e aprender a se colocar
dentro da efervescência virtual que tanto tem caracterizado essa nova
época.
Os pilares da educação para o novo
milênio se mostram favoráveis ao contínuo aperfeiçoamento dos quatro eixos
norteadores e fundamentais para a formação: aprender a fazer, ser, conviver e
aprender a apreender para efetivar um ensino que venha sanar a dívida que o sistema
educacional tem com nossas próprias incertezas históricas. (UNESCO, 2002.
– In: Relatório “Educação, um tesouro a descobrir”).
A escola, os professores e os alunos
devem, antes de tudo, estarem sintonizados com a informação. Essa é uma
exigência espontânea que se faz necessária nas instituições que tratam da moral
social e sobretudo, da educação. Os tempos estão cada vez mais agitados e a
escola deve acompanhar de forma salutar essas transformações, revivendo e
reestruturando novos e antigos conceitos/axiomas que dão possibilidade à
vida em sociedade. O conceito de ética, moral, estado, religião e
relações de trabalho estão sendo desafiados e contestados pelos avanços
genéticos, pelas inovações tecnológicas disfarçados em grandes blocos informativos
que viajam em forma de arquivos através dos ambientes virtuais de aprendizagem.
Essas são vertentes que têm modificado a natureza das relações entre as pessoas
em todos os seguimentos institucionais e a escola deve orientar a reflexão
sobre essas mutações e assim estabelecer uma educação reflexiva com alunos e
professores reflexivos, afinal a formação dos sujeitos é o reflexo da sociedade
onde ele está inserido.
Diante do exposto, percebe-se que os
Desafios da Educação para o Século XXI, enfrentados pela escola no campo ou na
zona urbana, em suas linhas mais gerais, a escola deverá enfrentar as
incertezas desses territórios sociais para trazer a realidade para dentro da
sala de aula, dando outro sentido para o fazer
intelectual pelo trabalho racional.
Paulo Freire (2002) chama a atenção para
a necessidade de se pensar o papel da escola em uma sociedade em transformação,
e diz que é preciso conhecer a realidade para oferecer o estudo dos conteúdos
específicos historicamente constituídos e compartilhados, buscando
compreendê-los para possibilitar ao aluno a compreensão do mundo em que vive
através do processo de humanização que constitui o ser humano na sua plenitude,
transformando sua vida e colocando os conhecimentos a serviço da construção de
uma realidade melhor, mais justa, solidária e plena.
Freire também pensa no papel do
professor como sujeito histórico de transformação e afirma ser necessário
acreditar na possibilidade de mudança sendo de fundamental importância que este
sujeito seja portador da esperança para assumir a condição de sujeito histórico
de transformação da realidade escolar, articulado à realidade social mais
ampla. Ser um sujeito transformador é estar em permanente construção para se
tornar aprendiz e mediar a realidade enfrentada pelo aluno versus o conhecimento que se processa no amplo despertar pela busca
do próprio conhecimento, favorecendo as aprendizagens do aluno rumo ao percurso
de construção do ensinar para aprender, e impreterivelmente, o educador tem que
ser um eterno mediador.
Ω
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Entrevista.
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