Dono de olhos negros e cabelos também negros com muitos fios brancos, transparecendo a lucidez tardia. Dono de um senso de justiça aguçado; extremamente reservado e introspectivo. Enfim, celibatário convicto. Ao seu lado, na cama, dormem os livros e sua pacata essência intelectual. Usa uma bengala para projetar o dândi soberbo que vive entregue ao esmo, livre de aparências. Nasceu no devaneio, para da realidade falar na eternidade. É devoto do mar e tem o corpo fechado: é um homem preso em suas subjetividades e ao sargaço das águas em seus estrondosos sentidos de solidão. Reservado, esquivo, discreto, iconoclasta e marcado por profundos momentos de inquietudes que acabam tornando a vida social nula, com poucos conhecidos ─; estando sempre propenso a desesperos de fragmentos paralelos e inconstantes, num mundo pessoal cada vez mais cheio de abstrações. Há um grande ruído no seu coração, onde se vive num exílio sutil, pois trás na alma marcas que ainda doem muito, como uma dúvida sempre presente na saudade das existências. É o que se diz e como se diz, um Homem confessional que se permite a um recolhimento profundo no universo romanesco feito um filósofo que vive permanentemente em busca de gloriosos feitos. Porém, ainda lê a alma dos vivos como a sina dos que escrevem sonhos ao pintar seus olhos e conhecer suas dores na ausência de redenção. Torna-se então, leitor de vidas quando escreve sobre as ternuras do mundo, desenhando amores e saudades, mas ainda tem uma alma suplicante quando na ausência não sente suas próprias dores... E nada sente, pois também é parte de um vazio singular; vive no desuso e pertence a noite, tendo como matéria o fracasso. Convive com deuses e torna-se um simples Decifrador Bruxulesco quando fala do amor na boêmia errante de outras épocas, onde foi amado, odiado, solitário, apaixonado... Seu trovadorismo foi idealizado pelas paixões que o fizeram senhor de si, travestido nos desassossegos da anunciação de uma criação solitária.
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